Pancreatite Aguda como manifestação inicial de Câncer de Papila Duodenal: relato de caso
Câncer de papila duodenal é uma doença rara, representando apenas 0,2% dos cânceres gastrointestinais e aproximadamente 7% de todos os cânceres periampulares. A associação de pancreatite aguda como quadro clínico foi descrita apenas algumas vezes. Mais comumente, esse tumor se apresenta com icterícia obstrutiva, perda de peso, anorexia e dor abdominal inespecífica.
Relatar um caso em que a pancreatite aguda se mostrou como manifestação inicial de câncer de papila duodenal, visando lembrar a existência dessa associação, a fim de diagnosticá-la e tratá-la precocemente.
Paciente do sexo feminino, 70 anos, foi encaminhada para investigação de dor do tipo queimação em andar superior de abdômen, em faixa, que irradiava para região dorsal, iniciada há aproximadamente 6 dias; a qual melhorava com antiespasmódico e piorava à alimentação, associada a náuseas. Ao exame físico apresentava dor à palpação em epigástrio, sem sinais de irritação peritoneal. Valor de lipase da admissão quantificou 3039 U/I. Não havia particularidades ao ultrassom de abdômen. Considerou-se uma pancreatite aguda, sendo afastadas hipertrigliceridemia, origem alcoólica e hipercalcemia. Não tendo etiologia definida, aventou-se a hipótese de cálculo residual.
Paciente sem histórico de pancreatite. Realizou-se colangiorressonância para melhor elucidação diagnóstica, que demonstrou lesão na cabeça pancreática. Paciente evoluiu com importante icterícia no décimo dia de internamento. Foi submetida à cirurgia de Whipple, que ocorreu com duração total de 6 horas e sem intercorrências. Teve seu pós-operatório em UTI, sem maiores sucessões e com significativa melhora de icterícia. O anatomopatológico demonstrou um adenocarcinoma de papila duodenal, do tipo macroscópico nodular, medindo 2,5 cm, estadiado como T4N1MX. Paciente teve alta com quadro clínico estável, sendo agendado seguimento ambulatorial.
Câncer de papila duodenal apresentando-se com pancreatite aguda ainda é uma associação rara na literatura. A chave para melhorar a sobrevida dos pacientes com esse tipo de tumor é o diagnóstico precoce. Tendo isso em vista, esse caso demonstra a importância de se considerar carcinomas periampulares em pacientes com pancreatite aguda em que não há uma causa óbvia, como libação alcóolica ou cálculo biliar.
Pancreatitis; Ampolla, Vater’s; Adenocarcinoma.
Clínica Médica
Pontifícia Universidade Católica do Paraná - Paraná - Brasil
Andre Gama Palone, Johnathan Gabriel Rodrigues Apolonio, Gabriella Eduarda Jacomel, Murilo Henrique Guedes, Jean Rodrigo Tafarel