LINFOMA HEPÁTICO NÃO HODGKIN EM PACIENTE PORTADOR DE ARTRITE REUMATOIDE: RELATO DE CASO
O risco de paciente com artrite reumatoide (AR) desenvolver linfoma não‐Hodgkin é cerca de duas vezes mais elevado do que na população geral. A inibição do fator de necrose tumoral (TNF) por terapia anti-TNF no tratamento da AR é considerada como possível fator de risco para desenvolvimento de neoplasias.
Descrever caso de paciente portador de AR que apresentou alterações hepáticas inespecíficas sugestivas de malignidade.
Relato de caso ocorrido em Belém (PA), em hospital particular de referência. H.C.L, masculino, 58 anos, casado, natural e residente em Belém. Portador de hipertensão arterial, obesidade, esteatose hepática de longa data e AR, em uso de metotrexato e rituximab, diante da intolerância à terapia com o imunobiológico.
Admitido em Unidade de terapia intensiva (UTI) em março de 2017 com quadro de astenia, anorexia, sudorese fria, delirium, perda ponderal de 20kg nos últimos 30 dias, colúria e queda do estado geral há 15 dias. No exame físico inicial, destacou-se hepatomegalia de 6 cm abaixo do rebordo costal, indolor a palpação. Ausência de ascite. Após 7 dias de internação em UTI e com estabilização do quadro séptico, foi transferido para a enfermaria de Clínica Médica para investigação da hepatomegalia e do surgimento de icterícia, colúria, náuseas, escurecimento das fezes e anorexia. TC de abdome e ressonância nuclear magnética (RNM) de abdome superior mostravam aumento volumétrico do lobo hepático caudado e esquerdo. A RNM foi realizada em sequências volumétricas antes e após a administração venosa de meio de contraste paramagnético, com estudo dinâmico em fases arterial portal e tardia. A superfície hepática continha múltiplos nódulos confluentes esparsos pelo parênquima com restrição à difusão, indicando alta celularidade, e realce precoce pelo meio de contraste. A leucocitose (12.000/mm3) e hiperbilirrubinemia persistiram. Foi suspenso o uso de metotrexato e rituximab para o tratamento de AR. A biópsia hepática por videolaparoscopia revelou infiltrado linfoide misto B e T, e a imunohistoquímica apontou presença de marcadores CD20 e Ki67, compatível com linfoma não Hodgkin difuso de células B. Iniciou-se acompanhamento com hematologista e introdução de tratamento quimioterápico intratecal e esquema R-CHOP. O paciente evoluiu com melhora progressiva da icterícia, da ascite e da leucocitose.
A hipótese diagnóstica de linfoma hepático não Hodgkin em paciente portador de AR que já fez uso de terapia anti-TNF deve ser aventada.
Linfoma não Hodgkin;Artrite Reumatoide
Clínica Médica
Centro Universitário do Estado Pará - Pará - Brasil, Hospital Adventista de Belém - Pará - Brasil, Universidade do Estado do Pará - Pará - Brasil, Universidade Federal do Pará - Pará - Brasil
Gabriela Ferreira Rocha, Patrícia Guedes Ribeiro, Vitor Ferreira Baia, Fábio Daniel Pereira Sampaio, Yasmin Farias Khayat