NEUROCITOMA CENTRAL ATÍPICO: RELATO DE CASO
Neurocitoma central (NC) é um tumor do sistema nervoso central, bem diferenciado e de origem neuronal, frequentemente encontrado na metade anterior do ventrículo lateral, próximo ao forame de Monroe. Apresenta maior prevalência em adultos jovens e sua incidência representa, aproximadamente, 0,1 a 0,5% de todos os tumores cerebrais.
Relatar o caso de paciente admitido na emergência de um hospital por cefaleia e diagnosticada com neurocitoma central atípico.
Relato de caso.
Feminino, 22 anos, admitida no hospital com quadro de cefaleia holocraniana intensa e borramento visual, com piora progressiva de uma semana. Apresentou episódios isolados de náuseas e vômitos. Sem história prévia de cefaleia crônica. Ao exame físico, estava sem evidência de déficit motor ou de força. Tomografia computadorizada (TC) de crânio demonstrou presença de volumosa lesão expansiva heterogênea, com calcificações grosseiras predominantemente intraventricular à direita, medindo 4,3x5,7cm, determinando compressão sobre o III ventrículo e hidrocefalia supratentorial. Paciente foi submetida à derivação ventricular- peritoneal por quadro de hidrocefalia. Ressonância magnética (RM) de crânio demonstrou volumoso tumor intraventricular na projeção do forame de Monroe, com dilatação da porção parietal dos ventrículos laterais. Foi realizada ressecção tumoral parcial por via transcalosa. Imunohistoquímica com Sinaptofisina e Ki67 positivos, compatível com NC. Após 14 dias de internação, apresentou boa evolução pós- operatória, recebeu alta em bom estado geral, sem déficits neurológicos, com TC de controle satisfatória.
O diagnóstico é realizado através da suspeita clínica associada a exames de imagem sugestivos, histologia e imunohistoquímica. Na TC, o tumor apresenta-se em forma de lesão arredondada, isointensa ou levemente hiperintensa nos ventrículos laterais, próxima ao forame de Monroe. O tumor na RM é isointenso ao parênquima em T1 e hiperintenso em T2 com forte impregnação por gadolíneo. A imunohistoquímica é fundamental para encontrar a origem neuronal do tumor, através da positividade para enolase neurônio-específica (NSE) e sinaptofisina. O Ki67 representa proliferação celular tumoral e é, principalmente, positivo em casos de NC atípico. Os atípicos, aproximadamente 20% dos NC, possuem evolução mais agressiva, maior recorrência e mortalidade. Atualmente, a terapia de escolha é a ressecção total da lesão, porém, quando não é possível, recomenda-se associar à radioterapia.
Neurocitoma central, neurocitoma central atípico, cefaleia holocraniana.
Clínica Médica
Universidade Anhembi Morumbi - São Paulo - Brasil
Rafaella Ezequiel Minuzzi, Islam Maruf Ahmad Maruf Mahmud, Paola Fonseca Minuzzi, Wilson Oliveira Ezequiel Neto