A Capacidade de Tomada de Decisão em Idosos com Câncer: Importância da Avaliação Cognitiva e o Respeito à Autonomia
O envelhecimento populacional reforça a importância do respeito à autonomia da população idosa nas relações médico e paciente. O câncer atualmente é parte do fenômeno do envelhecer e as alterações cognitivas também são assim consideradas. O idoso, nesse contexto, muitas vezes é privado da oportunidade de escolher ou mesmo ter o real controle sobre a sua saúde. Uma maior compreensão da cognição e níveis de fragilidade dos idosos é essencial para que melhores condutas sejam adotadas.
O presente estudo objetiva identificar a incidência de idosos com alterações da cognição e/ou fragilidade entre aqueles submetidos a cirurgias oncológicas e, assim, propor uma discussão sobre o impacto na sua capacidade de tomada de decisão.
Foram coletados dados de 100 idosos submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos entre junho e novembro de 2016. Através da aplicação dos instrumentos Groningen Frailty Indicator (GFI) e Montreal Cognitive Assessment (MoCA), buscou-se avaliar a frequência de idosos frágeis e/ou com déficits cognitivos, cuja capacidade de tomada de decisão possa estar comprometida. De maneira complementar foi aplicado também um questionário contendo quatro perguntas objetivas para o conhecimento do processo de tomada de decisão
Entre os 100 pacientes avaliados, 49% foram considerados frágeis. Entre os idosos frágeis, 47 (95,9%) apresentaram MoCA alterado. Dentre os idosos não frágeis, 48 (94,1%) apresentaram MoCA alterado. Apenas 1 paciente soube explicar o que são diretivas antecipadas de vontade e 16% dos pacientes desconheciam o motivo da sua internação ou da sua cirurgia. Outros 10% afirmaram ter sido convencidos pelos familiares e/ou médicos a realizarem a cirurgia que anteriormente se negaram a fazer.
Com o envelhecimento da população, é previsto que o número de idosos com câncer e déficits cognitivos também aumente. O maior desafio a ser enfrentado pelos médicos será encontrar o caminho ideal para tratar e lidar com essas condições coexistindo. Tomada de decisões e intervenções, por fim, serão facilitadas pela identificação precoce de disfunções cognitivas, buscando um compartilhamento de escolhas entre médicos e pacientes. A alta prevalência de idosos frágeis e o baixo nível de escolaridade podem influenciar na capacidade de tomada de decisão dos pacientes idosos. Compreender as maneiras em que o câncer, a fragilidade e a cognição impactam na qualidade de vida da população idosa é essencial.
autonomia; câncer; capacidade de tomada de decisão; cognição; fragilidade; idoso
Clínica Médica
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE BARRETOS DR. PAULO PRATA - São Paulo - Brasil, FUNDAÇÃO PIO XII - HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS - São Paulo - Brasil
RODRIGO ALVES DOS SANTOS, FLAVIA VIEIRA REZENDE, BIANCA PAES, FABIO MARCELO SILVA VALVERDE, RICARDO FILIPE ALVES COSTA