TRATAMENTO DA MIOCARDIOPATIA DILATADA COM DISPOSITIVO DE RESSINCRONIZAÇÃO E CARDIOVERSOR/DESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL: RELATO DE CASO
A miocardiopatia dilatada é a doença primária mais frequente do músculo cardíaco. Sua variante idiopática corresponde a terceira maior causa de insuficiência cardíaca sistólica crônica, com mortalidade anual de 95%, havendo evidências de alterações celulares, moleculares e imunológicas em sua gênese.
Relatar o caso de paciente que fez uso de cardioversor/desfibrilador implantável, com terapia de ressincronização para tratamento de miocardiopatia dilatada.
Relato de Caso
CROD, 54 anos, masculino, contador, natural e procedente de João Pessoa, Paraíba, Brasil, portador de dislipidemia e com diagnóstico de miocardiopatia dilatada em 2009, quando foi realizada uma coronariografia, que evidenciou hipocinesia difusa e dilatação do ventrículo esquerdo (VE), sem lesões obstrutivas. Nega hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, passado de febre reumática, etilismo e tabagismo. Sorologia para Chagas negativa. Evoluiu sem tratamento e piora progressiva da dispneia, com classe funcional (CF) NYHA III/IV - estágio C - e sinais de baixo débito cardíaco em junho/2016, quando foi recuperado de morte súbita por taquicardia ventricular. Encaminhado para o ambulatório de insuficiência cardíaca e, apesar da terapia medicamentosa otimizada, apresentou discreta melhora clínica. Eletrocardiograma: bloqueio de ramo esquerdo (BRE), com duração de 160ms e padrão de sobrecarga do VE. Ecocardiograma: miocardiopatia dilatada (diâmetro diastólico do VE 90mm e sistólico de 79mm), septo interventricular assincrônico, disfunção sistodiastólica do VE e insuficiência mitral, todas importantes. Holter 24 horas: dois episódios de taquicardia ventricular não sustentada. Nova coronariografia com resultado mantido. Indicado o implante do cardioversor/desfibrilador com ressincronizador, realizado em março/2017. Desde então, vem evoluindo com CF II, sem sinais de baixo débito, mantem padrão de BRE, porém com duração de 130ms e com redução dos diâmetros ventriculares ao ecocardiograma (diâmetro diastólico do VE 74mm e sistólico de 64mm), além da melhora da disfunção diastólica, que agora é moderada e da insuficiência mitral que é leve.
Pacientes com insuficiência cardíaca de difícil controle têm prognóstico reservado, com menor expectativa de vida, que, atualmente é de 60% em cinco anos e de 50% em oito. Assim, quando adequadamente indicado, o cardioversor/desfibrilador com ressincronizador pode modificar a qualidade de vida e o prognóstico destes pacientes.
Insuficiência Cardíaca; Dispositivos de terapia de ressincronização; Morte súbita.
Clínica Médica
Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba - Paraíba - Brasil
Kelton Dantas Pereira, Lucas Barbosa Sousa de Lucena , Hugo Leonardo Alves da Silva, Camila Oliveira Negri, Fátima Elizabeth Fonseca de Oliveira Negri