SÍNDROME DE EKBOM : RELATO DE CASO
A Síndrome de Ekbom, também conhecida como Delírio de Parasitose ou Acarofobia, é uma doença de ocorrência pouco frequente. É um estado fóbico obsessivo no qual o indivíduo acredita estar infestado por parasitas na pele. Apresenta prevalência no sexo feminino, idosos ou pré-senil (de 50 a 55 anos). Em estado alucinatório, retira fragmentos de pele, identificando-os como parasitas. Pode tratar-se de um quadro psiquiátrico primário ou secundário a outros transtornos orgânicos.
Apresentação de um caso clínico de Delírio de Parasitose (Síndrome de Ekbom) de paciente internada na Santa Casa de Misericórdia do Recife, tendo como intuito de difundir o conhecimento sobre esta doença que deve ser abordada de forma integrada entre clínica médica e psiquiatria.
Mulher, 83 anos, branca, apresentava há aproximadamente dois meses sensação de prurido difuso com posterior evolução para escoriações e ulcerações. Referia que apresentava infestação por insetos e para removê-los pinçava o próprio corpo provocando lesões cutâneas. Apresentava, também, diagnóstico clínico de demência, sem etiologia definida, e Diabetes Mellitus tipo 2. Foi realizada ampla investigação clínica na qual foram excluídas doenças hepáticas, renais, tireoidianas, distúrbios eletrolíticos, foram descartadas complicações secundárias a infecções, anemias, alteração na metabolização de oxigênio, assim como exclusão de hipovitaminose (B12 e Ácido Fólico) e complicações secundárias a Sífilis/Hepatite/HIV. Inicialmente foi tratada com Quetiapina com ajuste de dose até 75mg/dia, sem melhora clínica. Solicitada avaliação psiquiátrica e geriátrica.
Após avaliação psiquiátrica foi prescrito Pimozide 2mg/dia. A melhora clínica foi observada em aproximadamente sete dias.
Em indivíduos que apresentem relato de delírio de infestação parasitária cutânea, principalmente em idosas e que apresentem história pregressa de transtornos psiquiátricos, deve-se atentar para possível diagnóstico de Síndrome de Ekbom, pois estes são fatores de risco comprovadamente importantes para o desenvolvimento desse quadro e o retardo no tratamento pode gerar complicações decorrentes de lesões cutâneas assim como grande sofrimento físico e psíquico ao indivíduo.
Clínica Médica
Santa Casa de Misericórdia do Recife - Pernambuco - Brasil
Gabriel Pinon, Edite Melo, Evandro Brito, Felippe Farias, Thaís Cavalcanti de Almeida