As construções e vivências de cuidadoras/es em saúde: interstícios cartográficos entre o campo da saúde pública e os marcadores sociais das diferenças
Com uma população de idosos estimada em 6,9% e com previsão de elevação progressiva dessa parcela, fruto do aumento da expectativa de vida, a necessidade de cuidados voltados para a 3ª idade tem se tornado um desafio que envolve o trabalho dos cuidadores, que lidam com situações de restrição de mobilidade e usuários acamados, o que se reflete num conjunto de preocupações na Rede de Atenção Domiciliar.
Cartografar as construções de cuidadoras/es nos territórios de produção do cuidado em saúde tomando como pressupostos o campo da macropolítica (política pública) quanto o campo da micropolítica ( vivências) cotidianas de cuidadoras/es transversalizadas pelos marcadores sociais da diferença como: sexo, gênero, étnico/racial, geracional, social e econômico.
Trata-se de estudo retrospectivo de abordagem quantitativa/qualitativa com o uso dos seguintes dispositivos de coleta de dados: a cartografia com a identificação e reconhecimento da situação de usuárias/os restritos e acamados; fontes documentais dos prontuário dos 43 cuidadores da área supra-citada; caso-traçador caracterizado por usuários e como se valem das redes de serviços de saúde para o atendimento às suas necessidades; e entrevistas feitas em visitas domiciliares com roteiros semi-estruturados dos cuidadores, tomados na forma de narrativa.
O estudo demonstrou que os cuidadores são do sexo feminino (95,3%), com idade entre 40 e 50 anos (83,7%), de etnia parda (65,1%), oriundos de família de baixa renda (88,4%), de baixa escolaridade (86,4%), e em sua maioria, parentes em 1º grau dos acamados (93,0%). A maior parte (88,4%) tem na Estratégia de Saúde de Família do Campo do Oeste seu ponto de referência para demandas básicas de saúde, de onde recorrem a encaminhamentos para serviços ambulatoriais. Em casos emergenciais, ao Hospital Público de Macaé. Os relatos dos cuidadores dão conta da falta de diálogo entre eles e seus saberes e a equipe multiprofissional que acompanha o acamado, além de falta de capacitação, e de um programa voltado para a saúde mental dessa clientela. Para os gestores, quando bem envolvidas nesses anseios, essas estratégias produzem um cuidado de maior qualidade
Esses resultados indicam a necessidade de uma política de intercessão no diálogo permeado no cuidado, formação e acompanhamentos adequados, promovida entre os diversos agentes no campo da saúde, em especial o cuidador, capaz de transformar a produção de ações que orientem um trabalho com um resultado diferenciado.
cuidador; saúde pública; perfil de clientela
Clínica Médica
UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil
ALEX UEMBLEI FERREIRA SANTOS, FÁTIMA LIMA