Estudo transversal do controle glicêmico e dos riscos cardiovasculares de pacientes diabéticos de Lagoa da Prata
Estima-se que 7,6% da população brasileira entre 30 e 69 anos de idade sejam portadoras de diabetes mellitus (DM), sendo que um percentual significativo deles não faz o tratamento correto. Estes pacientes, principalmente os mal controlados apresentam um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Avaliar o controle glicêmico, incidência de complicações crônicas, risco cardiovascular e o índice de massa corporal (IMC).
Foi realizado um estudo transversal com 111 diabéticos no período de fevereiro a maio de 2017. As variáveis consideradas foram: sexo, idade, IMC, valores de hemoglobina glicada (HbA1c), glicemia de jejum, complicações agudas e/ou crônicas do diabetes e os critérios dos riscos cardiovasculares (score de Framingham)- colesterol total e HDL, tabagismo e valores da pressão arterial (PA) tratada ou não. Os dados obtidos foram armazenados no programa Epi Info7. Para comparação entre as variáveis foi utilizado o teste Qui Quadrado, considerando um nível de significância de 0,05.
Foram avaliados 111 pacientes diabéticos, sendo que 72 (64%) tinham mais de 60 anos de idade, com o predomínio do sexo feminino (N= 64-57%). Do total, 53 indivíduos (47%) apresentaram valores de hemoglobina glicada entre 7 e 9% e 22 deles (19%) com HbA1c ≥9%,44 obesos (39%) grau I . A glicemia de jejum estava ≥ 126 mg/dL em 40 indivíduos (36%) e ≥ 200 mg/dL em 9 ( 8%). 50 pacientes (45%) não apresentavam complicações crônicas do diabetes, 17(15%) apresentavam retinopatia, e 11 (10%) nefropatia, 15 pacientes (13%) relataram episódio de hipoglicemia. 109 diabéticos (98%) faziam tratamento para hipertensão, sendo que 45 deles (40%) apresentaram pressão sistólica ≥140 mmHg. Em relação à dislipidemia, 35 deles (31%) apresentavam colesterol total ≥ 200 mg/Dl e HDL≥ 60 em 21 indivíduos (18%). 28 pacientes (25%) informaram serem tabagistas crônicos. Quanto ao risco cardiovascular (Framingham), 72 (64%) apresentaram alto risco, 29 (26%) risco moderado e 10 pacientes (9%) baixo risco. Os pacientes do sexo masculino apresentaram um maior risco cardiovascular (p:0.01).
O estudo demonstrou que houve uma frequência significativa de fatores de risco cardiovasculares em diabéticos, além de um controle glicêmico insatisfatório em mais de 50% destes indivíduos, sendo importante a avaliação desses fatores no acompanhamento dos pacientes.
Clínica Médica
Isabella Romão Furtado Souza, Lorena Guimaraes Nunes, Eduardo Oliveira Carneiro, Francisco José Ferreira Silveira , Patricia Fulgêncio Menezes