Vasculopatia livedóide, um desafio diagnostico: relato de caso.
Introdução: A vasculopatia livedóide (VL) é uma dermatose recorrente que acomete principalmente membros inferiores(MMII). Seu diagnóstico é desafiador e incita a necessidade de investigação mais aprofundada para outras doenças sistêmicas. E quando precoce propicia um tratamento direcionado e eficaz.
Objetivo:Relatar o caso de uma paciente com VL associado a lúpus cutâneo discoide.
Metodologia: As informações foram obtidas através de revisão de registros médicos em prontuário e análise de história clínica e exames laboratoriais.
Relato de caso: M.C.S.P, 63 anos, com queixa de dor e edema bilateral em MMII associado ao surgimento de lesões eritematosas, descamativas e pruriginosas há 15 dias. Evoluiu com sensação febril, não mensurada, sendo encaminhada para internamento hospitalar com suspeita de erisipela. Tinha como comorbidades insuficiência cardíaca, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2 e lúpus cutâneo discóide. Ao exame apresentava eritema em MMII bilateral, descamativo, com transudato, prurido, edema (+2/+4). Evoluiu com dor e edema em tornozelo esquerdo, sendo iniciado antibioticoterapia associado a prednisona 20mg/dia com hipótese diagnostica de artrite e celulite. Paciente evoluiu com melhora parcial do quadro e apresentou placas eritematosas e prurido em membros superiores e em região do tórax. Foi realizado ultrassom doppler venoso de MMII que não mostrou sinais de insuficiência venosa. Exames complementares: FAN: 1/640 – nuclear pontilhado fino denso; Anti-Ro reagente; TSH, T4 livre e Complemento em níveis normais; anti HIV, Virus B, vírus C não reagentes; Biopsia de pele: mostrava dermatite crônica superficial associada a proliferação capilar e leve deposição de fibrina na parede dos vasos superficiais – achados microscópicos sugestivos de Atrofia branca de Milian e vasculopatia livedóide. Paciente evoluiu com melhora importante do quadro após terapia com ácido acetilsalicílico e pentoxifilina.
Conclusão: A VL pode estar associada a condições como colagenoses e trombofilias. No caso descrito houve associação com lúpus cutâneo discoide. Apesar de apresentar FAN e anti-Ro reagentes, paciente não apresentava critérios para diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico e síndrome de Sjögren. Com os exames solicitados e a anamnese pudemos estabelecer o diagnóstico de VL, uma afecção cutânea associada a oclusão e trombose não- inflamatória dos vasos dérmicos.
Clínica Médica
Universidade de Fortaleza - Ceará - Brasil
André luiz Cunha Cavalcante, Francisco Vileimar Andrade de Azevedo