Câncer Gástrico em Minas Gerais: um estudo sobre o perfil da morbidade hospitalar
O câncer de gástrico constitui a 5º causa mais comum de câncer em todo o mundo, responsável por 1 milhão de casos novos em 2012, mostrando ser um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, principalmente nos grupos de baixo nível socioeconômico, em que tem maior incidência. Estima-se em mais de 20 mil casos novos de câncer de estômago em 2016, registrados no Sistema de Informação Hospitalar (SIH), que tem como função notificar todos os procedimentos hospitalares de estabelecimentos conveniados ao SUS.
Descrever os casos de internação por neoplasia maligna do estômago (NME), registrados no SIH do Ministério da Saúde (MS), no estado de Minas Gerais de 01 de janeiro de 2011 a 30 de abril de 2016.
Foi realizado estudo quantitativo observacional descritivo, com dados secundários públicos retrospectivos. As variáveis analisadas foram: ano da internação, macrorregião de saúde (MRS), caráter e regime de atendimento, faixa etária e sexo. Foram calculados o coeficiente de internação (nº de casos/população residente* 100 mil habitantes) e o intervalo de confiança (IC95%).
Foram registrados 17.652 casos de internação por NME. Para o período 2011-2016 o risco médio para internação foi 16,1 casos/100 mil hab. (IC 95% 15,1-17,1). Das 13 MRS, aproximadamente 65% dos casos estavam distribuídos em 4, sendo elas: Centro, Sul, Sudeste e Leste. As MRS que apresentaram maior coeficiente de internação foram a Sudeste e a Leste do Sul, ambas com 27,6 casos/100 mil hab. (IC 95% 24,9-30,3). Quanto ao caráter dos atendimentos, 21% foram eletivo e 79% foram urgência. Quanto ao regime, 87% foram ao setor privado prestador de serviços ao SUS e 13 % ao setor público. 68% dos casos internados eram do sexo masculino e 85% tinham acima de 50 anos.
As internações evidenciam um perfil predominante de homens idosos, reforçando que a patologia é rara antes dos 30 anos e 2x mais frequentes em homens que mulheres acima de 50 anos. O H. pylori representa um dos mais importantes fatores de risco ambiental, assim como o fumo, a exposição a produtos industriais e fatores genéticos. O estudo mostra a discrepância entre a razão eletivo/urgência atendidos pelo SUS, assim como predominância do setor privado prestador de serviços ao SUS na assistência hospitalar dos pacientes com NME. Os resultados revelam o efeito iceberg que as NME representam para a saúde pública do estado de Minas Gerais.
Neoplasias Gástricas, Epidemiologia Descritiva, Morbidade Hospitalar.
Clínica Médica
Hospital Bom Samaritano - Minas Gerais - Brasil, UFJF/GV - Minas Gerais - Brasil
Dayany Leonel Boone, Thiago Martins Trece Costa, Lucas Ribeiro Andrade Nascimento, Altair Carvalho, Waneska Alexandra Alves