Doença de Castleman: relato de um caso clínico incomum
A Doença de Castleman (DC) é um distúrbio raro, linfoproliferativo, de etiologia ainda desconhecida, pode ter associação com o Herpes vírus 8 ou EpsteinBaar. Manifesta-se de duas formas. A forma localizada é benigna, pode ser assintomática e acomete preferencialmente o mediastino e mais raramente o mesentérico. A forma multicêntrica é disseminada com linfadenopatias generalizadas, manifestações autoimunes e infecções recorrentes.
Apresentar um relato de caso de um paciente com doença linfoproliferativa pouco vista no nosso meio, diagnosticada como Doença de Castleman na sua forma multicêntrica.
Paciente J.F.C., 72 anos, sexo masculino, hipertenso, diabético, deu entrada no dia 02/09/2016 com queixa de sinusopatia recorrente há 3 meses. Relatava cefaléia inicialmente frontal que se tornou holocraniana do tipo pulsátil e intermitente, associada à febre alta quase diária, astenia e emagrecimento pronunciado. Ao exame físico notava-se caquexia, linfonodomegalia supraclavicular esquerda, abdômen globoso, edema bilateral de mmii e máculas de +- 5 cm em tórax, dorso e coxa direita.
Os exames laboratoriais iniciais evidenciaram anemia normocítica-normocrômica, função renal normal e hipoalbuminemia. A Tomografia de Tórax revelou linfonodomegalia típica em topografia infra-carinal, de 2,9 x 1,5 cm. Notou-se ainda linfonodomegalia nas topografias para-aórticas, pré-traqueal e hilar bilateral. A tomografia de abdômen apresentou apenas ascite discreta. O ultrassom cervical indicou aspecto atípico de linfonodos supra claviculares à esquerda. A biópsia deste linfonodos evidenciou seios preservados além de plasmocitose englobando desde a zona cortical até a medular e presença de folículos hiperplásicos. Os exames complementares de proteína Bence Jones, marcadores de doenças auto-imunes, hepatite e HIV foram normais. O IGG foi reagente para Herpes simples e Epsteinbarr. A imunoeletroforese de proteínas apresentou padrão oligoclonal IGG, DAPPA e LAMBDA. Paciente evoluiu para terapia dialítica, e devido ao quadro desfavorável, veio a óbito mesmo após tratamento com esteroides e quimioterápico.
Apesar de rara, a DC na forma multicêntrica apresenta-se com prognóstico ruim. É, portanto, importante que o clínico realize um diagnóstico preciso através de uma avaliação cuidadosa do histórico do paciente, exames complementares e biópsia de linfonodo quando defrontar com essas combinações de sinais e sintomas clínicos.
Doença de Castleman, Doenças Linfoproliferativas, Linfadenopatia, Hiperplasia Angiofolicular Linfoide, Hiperplasia, Linfonodo.
Clínica Médica
Hospital Mater Dei - Minas Gerais - Brasil, Hospital Santa Rita - Minas Gerais - Brasil
Maria Gabriella Oliveira Cônsoli, Ana Luiza Lacerda Bamberg, Daniela Nascimento De Sá, Filipe Rodrigues Cunha