LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO E MANEJO PRECOCE
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença auto-imune de causa desconhecida que atinge vários órgãos e sistemas, cursando com sintomas gerais e específicos dos órgãos acometidos. No Brasil, estima-se uma incidência de LES em torno de 8,7 casos para cada 100.000 pessoas por ano, sendo 9 a 10 vezes mais comum em mulheres durante a idade reprodutiva. Os fatores genéticos e ambientais podem influenciar no seu aparecimento e na perda do controle dos imunorreguladores gerando a proliferação e o desenvolvimento de auto anticorpos, causando, assim, lesão celular ou tissular progressiva.
Ressaltar as dificuldades para o diagnóstico de LES e a eficiência do tratamento rápido para o bom prognóstico do paciente.
M.E.F.S, feminino, 27 anos. A paciente deu entrada no Hospital Municipal de Paracatu em 14/07/2016 com perda ponderal de 5 kilos, linfadenomegalia, dispnéia aos grandes esforços e edema de face e membros inferiores. Na investigação identificou-se derrame pleural bilateral e pericardite na tomografia de tórax, síndrome nefrótica com proteinúria de 7,9 gramas e anemia com hemoglobina de 10,5. Foram aventadas as hipóteses de LES ou Linfoma. Realizou-se biópsia de linfonodos inconclusiva, dosagem de Fator Antinuclear e AntiDNA positivos. Pela gravidade, em 23/07/2016 iniciou-se a pulsoterapia com metilprednisolona, mesmo sem realizar a biópsia renal indisponível no serviço. Após esta biópsia, realizada então no centro de referência, mostrou glomerulonefrite proliferativa difusa com crescente, associado à componente membranoso e atrofia tubular multifocal com fibrose, iniciando assim pulsoterapia com ciclofosfamida.
A paciente evoluiu com cinco dos critérios de diagnóstico preconizados pela Sociedade Americana de Reumatologia que consistem em eritema malar, lesão discoide, úlceras orais/nasais, artrite, serosite, comprometimento renal, alterações neurológicas, hematológicas, imunológicas e anticorpos antinucleares. O lúpus grave manifesta-se por tais alterações presentes na paciente em questão, daí a necessidade de um tratamento imediato mesmo sem a certeza da disfunção renal confirmada por biópsia.
O diagnóstico de LES nas suas formas graves ainda é um desafio devido aos diversos sinais e sintomas apresentados e a falta de recursos em instituições menores. A exemplo da paciente, um diagnóstico e tratamento precoce viabilizam um bom prognóstico com melhora expressiva do quadro clínico, uma vez que ela não precisou de diálise ou outro tratamento intervencionista.
Clínica Médica
Gabriela Almeida Macedo, Caroline Santos Eneas, Dayane Quintino Vasconcelos, Nayara Cristina Ferreira de Oliveira, Juliana Mota Munaretto