A HANSENÍASE NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA ESPOROTRICOSE
Fundamentação/Introdução: A esporotricose é uma micose causada por inoculação traumática do fungo dimórfico Sporothrix schenckii na pele, decorrente da arranhadura ou mordedura de animais como os gatos, contato com solo contaminado, plantas ou substratos orgânicos. A apresentação mais comum é a cutânea, afetando principalmente as áreas expostas ao trauma, como as extremidades e o rosto. Manifesta-se na pele com alterações da coloração, nodosidades e lesões descamativas. No seu diagnóstico diferencial, devido às caraterísticas das lesões, encontra-se a hanseníase, sendo esta causada pelo Mycobacterium leprae possuindo alta infectividade, porém baixa patogenicidade. As manifestações clínicas estão relacionadas ao tipo de resposta do bacilo, apresentando quatro formas diferentes, indeterminada, tuberculoide, dimorfa e virchowiana. A forma dimorfa, apresenta variedade de lesões cutâneas como as placas e nódulos eritematoso-acastanhados com alteração de sensibilidade. As reações hansênicas são de dois tipos e ambas causam alterações do sistema imunológico e provocam manifestações inflamatórias.
Objetivos: Relatar um caso de hanseníase com manifestação inicial símile a esporotricose.
Relato de caso: Masculino, 44 anos, com lesões há 6 meses em membro superior direito, no início eritematosas, evoluindo com úlceras e crostas. Passou em consulta com dermatologista sendo aventada hipótese diagnóstica de esporotricose devido a histórico anterior de contato com seis gatos na residência. Medicado com itraconazol e prednisona. Devido a não melhora clínica procurou o serviço de infectologia. Ao exame clínico apresentava lesões tipo máculas hipocrômicas, com bordas hipercrômicas, limites precisos e algumas com centro ulcerado, seguindo o trajeto do nervo radial. Realizada biópsia de pele devido à suspeita diagnóstica de hanseníase, apresentando infiltrado linfohistiocitário perivascular e perineural, confirmando a hipótese diagnóstica. Iniciada poliquimioterapia multibacilar (dapsona, clofazimina e rifampicina) associada a prednisolona devido ao diagnóstico de hanseníase dimorfa e reação reversa. Após a introdução do medicamento evoluiu com melhora.
(Não necessário em relatos de caso).
Conclusões/Considerações finais: O quadro relatado apresenta a importância da hanseníase no diagnóstico diferencial de várias dermatopatias devendo o clínico e os especialistas estarem atentos as características clínicas da patologia, infelizmente muito negligenciada nos dias atuais.
Esporotricose; Hanseníase; Diagnóstico Diferencial; Hanseníase Dimorfa.
Clínica Médica
UNIVERSIDADE BRASIL - São Paulo - Brasil
ANA PAULA SOUZA MARTINS, APARECIDA MEIRA SILVA, Barbara Fontanelli Grigolli, Jôse Luiza Botton Nunes, Márcio César Reino Gaggini