Rabdomiólise induzida por uso de estatina: Relato de caso
Introdução/Fundamentos: As estatinas são fármacos que possuem benefício comprovado no tratamento das dislipidemias, reduzem a mortalidade cardiovascular e a incidência de eventos isquêmicos coronários agudos, necessidade de revascularização do miocárdio e acidente vascular encefálico. Atualmente, mantém-se como um dos hipolipemiantes mais utilizados na prática clínica e, no geral, estão relacionadas a um pequeno risco de miopatia que pode progredir para rabdomiólise fatal ou não fatal em até 0,5% dos pacientes, principalmente com o uso de altas doses desses fármacos.
Objetivos: Relatar um caso clínico no qual o uso de sinvastatina em dose elevada deflagrou quadro de rabdomiólise grave e alertar possíveis fatores de risco e de prevenção relacionados a tal complicação.
Descrição do caso
Descrição do caso: Paciente de 34 anos, sexo feminino, parda, procedente de Várzea Grande-MT, com diagnóstico prévio de hipertensão arterial e em investigação ambulatorial de síndrome nefrótica provavelmente idiopática, por glomerulonefrite difusa padrão membranoploriferativo tipo I, encontrava-se em uso de Sinvastatina 80mg ao dia e Prednisona 60mg ao dia, há 30 dias devido doença de base. Evoluiu com mialgia incapacitante difusa, astenia, colúria e oligúria. Colhido, então, exames laboratoriais com evidência de CPK total de 5.336 U/L; creatinina sérica 2,8 mg/dl; uréia 228 mg/dl; e eletrólitos dentro do padrão de normalidade. Devido ao quadro compatível com diagnóstico de rabdomiólise, indicado internação hospitalar com proposta terapêutica de hidratação venosa abundante, redução da dose de prednisona e suspensão imediata da sinvastatina. Observou-se elevação acentuada da CPK (máximo de 42.705 U/L), sem prejuízo da função renal basal de entrada. Durante a internação, a paciente apresentou edema agudo de pulmão e encefalopatia hipertensiva, sendo necessária admissão em unidade de terapia intensiva por 2 dias. Houve remissão clínica e retorno dos valores normais de CPK com 25 dias da instituição terapêutica, sem necessidade de hemodiálise.
Conclusões/Considerações finais: As estatinas são consideradas seguras e bem toleradas, seus benefícios superam os riscos. As complicações existem, apesar de raras. Torna-se de extrema relevância a identificação de pacientes com fatores de risco que predisponham a miotoxicidade, além de muita cautela em relação às interações medicamentosas.
Palavras Chaves: Rabdomiólise; Estatinas; Miopatia; Sinvastatina.
Clínica Médica
Hospital Universitário Julio Muller - Mato Grosso - Brasil
Kamilla Leite Morbeck Teixeira, Michele Andraus, José Carlos Amaral Filho, Lorena Souza Rodrigues da Cunha, Walid Khaled Omais