Classificação de Child-Pugh e o grau e hipertensão portal: um relato de caso
As doenças hepáticas crônicas são prevalentes em todo mundo, sendo a doença hepática alcoólica uma importante causa, devido uso abusivo de álcool nos dias atuais. As complicações da doença hepática crônica podem evoluir de forma catastrófica.
Descrever um relato de caso e a relação entre a classificação de Child-Pugh e o grau de hipertensão portal/cirrose hepática em paciente portadora de cirrose hepática.
Paciente do sexo feminino, 54 anos apresentou hematêmese, associado a astenia e calafrios, negando sinais e sintomas de choque hipovolêmico. Ao exame físico, em bom estado geral, consciente e orientada, hipocorada ++/4, estável hemodinamicamente. Os exames laboratoriais demonstravam leucocitose sem desvios, ausência de anemia, disfunção renal e hepática; A endoscopia digestiva alta demonstrou: varizes esofágicas sem sangramento ativo. Foi iniciado terlipressina, albumina e ceftriaxone profilático, com melhora do quadro. Apresentou novo episódio de hematêmese após 3 dias, sendo encaminhada para esofagogastroduodenoscopia, a qual demonstrou varizes esofágicas, com sangramento ativo, sendo realizado ligadura elástica. Apresentou insuficiência respiratória aguda e instabilidade hemodinâmica, sendo procedido intubação orotraqueal, ventilação mecânica e uso de drogas vasoativas. Evoluiu de maneira insatisfatória, com disfunção de múltiplos órgãos e óbito.
A cirrose hepática é uma alteração hepática onde a arquitetura normal é substituída por nódulos regenerativos e fibrose, determinando diminuição das funções hepáticas, hipertensão portal e risco de câncer.
Com a progressão da doença, surgem as colaterais portossistêmicas para descompressão sanguínea, surgindo as varizes esofágicas, gástricas e retais.
A classificação de Child Pugh foi criada em 1964 com a função avaliar o prognóstico e gravidade da cirrose hepática, levando em conta os níveis de albumina, INR, bilirrubinas, presença de ascite e encefalopatia, com níveis de pontuação entre 5 e 15, sendo classificado em A, B e C conforme a pontuação.
Na maior parte dos casos, há uma relação diretamente proporcional da classificação do Child Pugh com gravidade da cirrose, porém, em alguns casos, não segue a regra, com paciente em estágio inicial da cirrose apresentando complicações de estágios avançados.
A maioria dos trabalhos recomendam esofagogastroduodenoscopia seriadas em paciente cirróticos, conforme o estágio evolutivo Porém, os casos devem ser individualizados conforme história clínica e exame físico.
Clínica Médica
Walter Assunção GONÇALVES