Título: Dor musculoesquelética como manifestação inicial para diagnóstico de linfoma de Hodgkin
Fundamentação / Introdução: O diagnóstico de fibromialgia exige exclusão de causas sistêmicas. Até casos típicos podem surpreender etiologias inesperadas como linfoma de Hodgkin, neste relatado.
Objetivos: Estabelecer crítica à tendência de diagnosticar a maioria das dores crônicas generalizadas como fibromialgia. Enfatizar a importância de criteriosa investigação da síndrome dolorosa crônica, pesquisando diagnósticos diferenciais.
Delineamento / Métodos: Estudo descritivo básico (relato de caso): coleta de informações em prontuário “sistema MV” e revisão bibliográfica em bases de dados.
Resultados / Descrição do caso: Mulher, 37 anos, há um ano com dor difusa, fadiga, dor abdominal inespecífica e sono não reparador. Ausência de sudorese, emagrecimento, febre, prurido ou nódulos cervicais. Exame físico sem alterações dignas de nota. Aventada hipótese de Fibromialgia. Porém durante investigação para exclusão de causas sistêmicas para síndrome dolorosa crônica, ultrassonografia de abdome notou derrame pleural à direita, motivando solicitação de tomografia computadorizada de tórax com contraste que encontrou grande massa, do mediastino anterossuperior à base de hemitórax direito, com realce de contraste. Biópsia da lesão evidenciou linfonodo com arquitetura alterada por proliferação celular bem como células de Reed – Stenberg e áreas de esclerose, sugerindo doença de Hodgkin, subtipo esclerose nodular.
Conclusões / Considerações finais: O Colégio Americano de Reumatologia (ACR) definiu em 2010 novos critérios diagnósticos para fibromialgia associando pontuações em um índice de dor difusa e em uma escala de gravidade que avalia fadiga, sono não reparador, sintomas cognitivos e somáticos. Os achados devem estar presentes há mais de três meses e causas sistêmicas para os sintomas devem ser excluídas, entre as quais podem estar doenças neoplásicas, como os linfomas. Em 69,2% dos casos, o linfoma de Hodgkin é do subtipo esclerose nodular, acometendo tipicamente gânglios mediastinais de mulheres jovens. Conclui – se que a correta abordagem da dor crônica generalizada deve incluir pesquisa de diagnósticos diferenciais, precedendo uma atribuição à fibromialgia: doença de manejo complexo, muitas vezes super diagnosticada.
Palavras Chaves: Fibromialgia; Linfoma; Dor
Clínica Médica
Santa Casa de Misericórdia de Votuporanga - São Paulo - Brasil
Michele Marie Matsuoka, Kemps Hostalacio Brito, Lilian Ferreira de Lima Giovanini, Tayra Hostalacio Gomes Brito, Cristiane Giglio de Carvalho