14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Feocromocitoma: Os riscos do manejo inadequado das crises adrenérgicas

Fundamentação/Introdução

O feocromocitoma é um tumor adrenal originário de células cromafins e se manifesta por efeitos diretos das catecolaminas nos sistemas cardiovascular, metabólico e visceral. Embora seja uma causa rara de hipertensão, o seu diagnóstico é importante devido à possibilidade de cura e identificação precoce, caso haja malignidade associada. Pela raridade, é com frequência conduzido erroneamente, principalmente na porta de entrada hospitalar.

Objetivos

Relatar o caso de uma jovem com diagnóstico recente de feocromocitoma, admitida em serviço de emergência com crise adrenérgica e analisar as consequências do manejo inicial incorreto.

Delineamento/Métodos

As informações a seguir foram obtidas através de prontuário médico, entrevista com a paciente e revisão de literatura.

Resultados

Descrição do caso: Paciente, sexo feminino, 17 anos, diagnosticada há 3 meses com feocromocitoma, admitida com crise hipertensiva (PA: 180x120mmHg) e taquicardia sinusal (FC:190bpm), sendo prescrito beta-bloqueador endovenoso para controle do quadro. Evoluiu com hipotensão arterial e rebaixamento de consciência após uso do beta-bloqueador e parada cardiorrespiratória horas após. Recebeu tratamento em unidade intensiva, incluindo medicações alfa-bloqueadoras, com posterior estabilidade clínica. Submetida à adrenalectomia esquerda após preparo adequado, confirmação anatomo-patológica da doença e melhora dos sintomas iniciais. A administração de ß-bloqueadores é contra-indicada como terapêutica inicial da hipertensão em pacientes portadores de feocromocitoma. O bloqueio do receptor ß magnifica a resposta alfa-adrenérgica, com conseqüente piora da hipertensão e sintomas dependentes do estímulo alfa-adrenérgico. No caso clínico em questão, o uso indevido de beta-bloqueador provocou um efeito contrário, a hipotensão arterial. Este fenômeno é raro, porém descrito na literatura. A liberação constante de catecolaminas leva a uma diminuição da sensibilidade dos receptores adrenérgicos às catecolaminas (down regulation), o que explica a ocorrência de níveis elevados de catecolaminas e hipotensão arterial. A vasoconstrição mantida também causa hipovolemia, contribuindo para a queda da pressão arterial.

Conclusões/Considerações finais

O relato de caso demonstra o desafio do manejo clínico e cirúrgico do feocromocitoma, cujo demora em adoção de medidas especificas e corretas para o tratamento implica em alta mortalidade.

Palavras Chaves

Feocromocitoma, adrenalectomia, alfa-bloqueadores, crise hipertensiva.

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Aroldo Tourinho - Minas Gerais - Brasil

Autores

Victória Carneiro Dal Moro, Guilherme Vitor de Carvalho Freire, Murilo Veloso Lages, Érika Fernanda Sales Martuscelli, Débora Ribeiro Vieira