Relato de Caso: Infarto Medular
A primeira descrição de Infarto Medular foi feita no século XIX por Adamkiewicz ao descrever a circulação medular. A aterosclerose substituiu a sífilis como a causa mais comum de isquemia medular, no entanto, patologias aórticas, doenças degenerativas da coluna espinal, êmbolos de origem cardíaca, hipotensão sistêmica e anestesia epidural são considerados grupos etiológicos.
Relatar a sintomatologia e evolução clínica de paciente previamente hígida com quadro de Infarto Medular.
Este trabalho é um relato de caso de Infarto Medular. As informações foram obtidas a partir da análise do prontuário, exames realizados e revisão de literatura.
Paciente masculino de 36 anos, etilista, com doença de Crohn em tratamento com fistulectomia em série, é encaminhado de hospital de segundo nível, com quadro de paresia em membros inferiores (MMII) após esforço físico, de início súbito há 3 dias, seguido de cefaléia em região occipital de forte intensidade, associada à fotofobia, que evoluiu com exacerbação da paresia de membros inferiores e incapacidade de deambular. No exame físico apresentava Glasgow 15, nervos cranianos do I ao XII preservados, força reduzida e assimétrica em membros superiores e inferiores, reflexos patelar e aquileu grau 1 bilateralmente, Sinal de Chaddock à esquerda, Sinal de Hoffman bilateralmente e ausência de sinais meníngeos. O exame do líquor de ingresso mostrou pressão de abertura: 29 cm H2O, mononucleares 90%, neutrófilos 10%, proteínas 61,8, glicose 64 (Glicemia Capilar 164), AL: 1,96, demais exames de sangue e sorologias normais, eletroneuromiografia normal, tomografia de coluna sem alterações visíveis. Na internação, foi tratado com Zovirax (14 dias) e Vitamina B12. Ressonância Magnética de crânio e da coluna cervical mostrou lesões isquêmicas da vértebra C4 a T1. A angio-tomografia tóraco-abdominal não mostrou sinais de dissecção da aorta. Exame liquórico de controle sem alterações. Arteriografia de artérias vertebrais, subclávias bilateral, medula de D4 a L3 bilateral com ausência de má formação ou fístulas durais. Diagnóstico final de infarto medular idiopático.
Deve-se levar em conta no diagnóstico diferencial de paraplegias não traumáticas compressão medular, mielite transversa aguda e polineurite. No presente caso, investigou-se as principais causas de infarto medular, descartando-se dissecção aórtica, sífilis e êmbolos de origem cardíaca, estabelecendo-se por fim o diagnóstico de infarto medular idiopático.
Medula; Infarto; Idiopático
Clínica Médica
Ana Carolina Pereira Fischer, Franco Alexsis Aguilar Salazar, Mireli Martins do Nascimento