Mortalidade pós alta de UTI - gravidade e investimento na manutenção da vida
As mortes após a alta da UTI e as readmissões são questões pertinentes na literatura internacional, entretanto, existe uma variedade de estudos publicados com limitado tamanho amostral e com dados heterogêneos devido a diversidade das populações envolvidas. Portanto, há necessidade de maior número de estudos para conhecer a realidade das UTI em nosso país.
O objetivo principal deste estudo foi identificar os pacientes que faleceram na enfermaria pós-alta da UTI, durante a mesma internação hospitalar, comparando com os pacientes que receberam alta desta mesma unidade no período de 1 ano através do Simplified Acute Physiology Score III (SAPS3). Os objetivos secundários foram descrever a sensibilidade e a especificidade da escala SAPS3 como possível critério de prognóstico para indicar cuidados paliativos para os pacientes no pós-alta da UTI e, assim, permitir implementar estratégias de qualidade assistencial.
Estudo quantitativo e retrospectivo, com seleção de paciente adultos internados na UTI de Sapucaia do Sul/RS no período de 01/01/2016 à 31/12/2016. Coleta de dados realizada através de prontuários médicos e do programa EPIMED, procedendo a analise estatística simples.
Houve 299 novas internações no período, sendo que 34,2% tiveram morte na UTI e 16,16% na enfermaria pós-alta da unidade. O grupo A, com desfecho morte pós-alta/UTI, apresentou média de idade 67,11anos com desvio padrão(DP) de 14,36, já o grupo B que obteve alta para enfermaria, e posteriormente alta hospitalar, teve media etária de 54,9anos com DP 18. O score SAPS3 do grupo A foi 52,24% (total de pontos 69,22 e DP 12,7), sendo o DP desse score de 20,91%; já no grupo B o valor de gravidade atribuído foi de 34,14% (total de pontos 58,24 e DP 13,11), obtendo DP de 22,65%. No grupo A, 77,8% foi discutido com familiares e pacientes foram evoluídos para cuidados paliativos.
Esses valores denotam que o SAPS3 é um preditor confiável de gravidade, podendo ser usado para balizar condutas e discutir cuidados paliativos com os familiares e equipe médica. Deve-se usar as ferramentas disponíveis desses preditores na UTI para implementar a discussão dos cuidados paliativos e, assim, melhorar a qualidade nos serviços prestados aos usuários.
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Clínica Médica
Joana Maria Noschang Costa, Carolina Giesel Grala, Sandro Carbonel Moraes