Osteoartropatia hipertrófica (OAH) precedendo em anos o aparecimento de um carcinoma broncogênico- relato de caso
A OAH é uma síndrome constituída por periostite, baqueteamento digital e artrite podendo ter relação com neoplasias intratorácicas.
Descrever um caso de OAH precedendo em anos um carcinoma broncogênico.
R. A., 52 anos, sexo feminino, parda e do lar, admitida em um hospital geral do Rio de Janeiro em dezembro de 2016 com tosse seca associada a dor torácica, tipo pleurítica, em terço médio do hemitórax direito, iniciada há um mês, associada a queda do estado geral e emagrecimento de sete quilos nos últimos seis meses. Há dois anos iniciou, de forma gradual, poliartrite simétrica, bilateral e cumulativa em joelhos, tornozelos e punhos, com piora significativa e edema em membros inferiores nos três meses seguintes.
Havia sido diagnosticada como tendo lúpus eritematoso sistêmico encontrando-se em uso de antimalárico sem melhora clínica.
Tabagista com carga de 32 maços/ano.
Ao exame físico, encontrava-se eupneica em ar ambiente, afebril, em regular estado geral, sem adenopatias, com baqueteamento digital evidente em mãos e pés e espessamento cutâneo principalmente em face. Apresentava murmúrio vesicular difusamente diminuído. Membros inferiores com sinais de artrite em joelhos e tornozelos, edema de ++/4+ e dor a palpação em região pré-tibial bilateralmente.
Os laboratório de admissão evidenciou apenas anemia normocítica/normocrômica.
A radiografia de tórax revelou uma massa de contornos irregulares em terço superior de hemitórax direito melhor definida na tomografia de tórax com localização subpleural, na transição dos segmentos anterior e posterior do lobo superior direito, medindo 5,6 x 3,7 x 3,5 centímetros.
As radiografias de mãos, punhos e pernas evidenciavam periostite com espessamento da camada cortical, alargamento das diáfises e nova formação óssea.
Foi submetida a bilobectomia + segmentectomia do lobo inferior direito. O anatomopatológico demonstrou tratar-se de carcinoma broncogênico, cujo tipo histológico foi adenocarcinoma pouco diferenciado, estadiamento T3 N0 M0.
Em março de 2017 a mesma recebeu alta hospitalar e encaminhamento para seguimento na oncologia.
Ressaltamos a importância do reconhecimento da osteoartropatia hipertrófica secundária precedendo as manifestações clínicas e/ou radiológicas de neoplasias intratorácicas, dada a relevância desta síndrome paraneoplásica no diagnóstico precoce das mesmas.
osteoartropatia hipertrófica
carcinoma broncogênco
adenocarcinoma pulmonar
periostite
Clínica Médica
Hospital Federal do Andaraí - Rio de Janeiro - Brasil
Eduardo Gomes Alexandrino, Antonio Mendes Seda, Josimar Cortes Junior, Roberta Lemos Pandini, Renata Martinez Chermont