14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Ascite Secundária à Endometriose

Fundamentação/Introdução

Introdução: A ascite associada à endometriose é uma condição rara, de fisiopatologia desconhecida e pouco relatada na literatura. A possível associação com massa pélvica sugere malignidade e o maior conhecimento deste quadro pode facilitar o diagnóstico, de modo a evitar cirurgias desnecessárias.

Objetivos

Objetivo: Relatar o caso de uma paciente com clínica de ascite e dor abdominal difusa secundárias à endometriose.

Delineamento/Métodos

Descrição do Caso: Mulher, 37 anos, gesta 1 para 1, evoluiu nos últimos 3 anos com ascite, dor abdominal difusa e perda ponderal de 10 kg em 6 meses. Apresentava história de endometriose, sem acompanhamento ginecológico. Referia ciclos menstruais irregulares, menorragia, dismenorreia intensa e dispareunia. Exame físico revelou abdome globoso, macicez móvel presente, dor à palpação abdominal difusa, sem hepatoesplenomegalia. Presença de nódulo palpável de 3 cm em parede abdominal de hipogástrio, doloroso à palpação. Ao toque vaginal, notou-se espessamento nodular doloroso em fundo de saco posterior, sugestivo de endometriose. Restante do exame físico sem alterações.

Resultados

Paracentese demonstrou líquido ascítico hemorrágico, GASA < 1,1, indicando exsudato, com cultura e citologia oncótica negativas. Ultrassonografia (USG) de abdome com sinais de hepatopatia crônica, ascite moderada e USG vaginal com útero bicorno, sem alterações ovarianas. Tomografia (TC) de abdome aventou a possibilidade de carcinomatose peritoneal. CA 125 aumentado, USG de mama BI-RADS 3 e TC de tórax sem alterações. Laparoscopia diagnóstica evidenciou líquido ascítico amarelo citrino, lesões vinhosas em toda parede abdominal, fígado, intestinos delgado, grosso e em pelve. Estruturas pélvicas totalmente aderidas, ovários bilateralmente aumentados e cistos compatíveis com endometriomas. Observaram-se lesões fibróticas em intestino e fígado, compatíveis com inflamação antiga. Histopatologia de cortes transmurais de intestino grosso, peritônio e nódulos do saco herniário evidenciou endometriose.

Conclusões/Considerações finais

Conclusão: A ascite secundária à endometriose é uma entidade rara que mimetiza câncer de ovário, associando-se a aumento do CA 125, nódulos peritoneais e perda de peso. Os casos, de fisiopatologia obscura, geralmente cursam com dismenorreia, dispareunia e dor pélvica crônica. O diagnóstico é confirmado por cirurgia e análise do líquido ascítico. Em suma, o relato evidencia a importância de incluir a endometriose como diagnóstico diferencial de ascite associada a queixas ginecológicas.

Palavras Chaves

Ascite, endometriose.

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Federal do Espírito Santo - Espírito Santo - Brasil

Autores

Bárbara Manhães Silva, Malu Favarato, Helena Giacomini Moura, Roberta Leal Silva Rossoni, Izabelle Venturini Signorelli