LOXOSCELISMO CUTÂNEO: RELATO DE CASO
O acidente provocado por Loxosceles (ou aranha-marrom) corresponde à forma mais grave de araneísmo no Brasil (MS,2012). Seu habitat intradomiciliar e pequeno tamanho facilitam a ocorrência de acidentes em humanos. O diagnóstico se baseia na história e exame clínico, associado à identificação do agente. Observa-se uma distribuição centrípeta das picadas, acometendo mais a coxa, tronco ou braço que facilmente evoluem para rápida necrose e necessidade de debridamento.
Relatar um caso de um quadro cutâneo grave de Loxosceles sp, visando diagnóstico e tratamento precoces
Paciente de 14 anos, feminino, residente na região norte/MA, procurou UPA com história de picada de aranha em MID há 15 dias. Relatou presença de hiperemia e edema dorso do pé direito. Nega sintomas associados. Procurou atendimento médico depois de 15 dias de evolução devido a piora da lesão.AMP e F:NDN.HSV: Habita em casa com esgoto a céu aberto e sem coleta de lixo. Admissão na UPA: FC 110 bpm, 21irpm e PA 120 x 60 mmHg, febril (39º C), saturando 93% em AA. Glasgow 15. À ectoscopia: lesão extensa de aproximadamente 10 cm, apresentando celulite e necrose extensa em dorso do pé direito com hiperemia extensa com halo isquêmico, equimose central e edema em MID. Sem alterações relevantes nos demais sistemas. Extremidades: pulso pedioso e tibial posterior direito reduzidos. Área de flutuação em maléolo lateral direito.
Na admissão:Hg:12,40; Ht:34; Leucócitos :29.190; Plaquetas :422.000; Cr:0,53; BT:0,42;BD:030 e BI:0,12.Tratamento inicial com prednisona 40 mg/dia;ceftriaxona,clexane 40mg 1 seringa SC 1x ao dia,Soro antiaracnídico5 amp + 225 ml de SG 5% EV lento, além de sintomáticos. Após 96 h de internação,mesmo com o soro antiaracnidico, a lesão evoluiu com bolha de conteúdo sanguinolento,progressão da necrose e infecção secundária.Recebeu Pipe/Tazo e Teicoplanina;realizado debridamento cirúrgico.Com 72h de evolução, os exames demonstraram: HB:11,6; HT:35; Leucócitos:6190 e plaquetas: 455000; PCR:1,42; Albumina:4,2.Após 30 dias de acompanhamento, lesão limpa em franca recuperação.
A Esfingomielinase D enzima presente no veneno é responsável pela agregação plaquetária e ativação da via do complemento com hemólise.Sendo necessária sua identificação com DLH e bilirrubinas no inicio do quadro.A picada é inicialmente pouco dolorosa e desvalorizada.Não há rotina preconizada mas é importante fazer o soro nas primeiras 36h para evitar evoluções como a apresentada.
loxosceles;lesão cutânea
Clínica Médica
Mauro Ribeiro Balata, Flavia Coelho Mohana Pinheiro, Humberto Feitosa Araújo Segundo, Matheus Rizzo de Oliveira, Jose Delfim Mohana Pinheiro