Angina de Ludwig
A angina de Ludwig é uma infecção bilateral do espaço submandibular, mais comumente secundária a uma inflamação nos segundos ou terceiros dentes molares inferiores. Trata-se de uma celulite sem linfadenopatia que se espalha rapidamente e agressivamente, com potencial obstrução das vias aéreas. Esta condição que requer monitorização cuidadosa e rápida intervenção, visando a prevenção de asfixia e pneumonia aspirativa.
Relatar o caso de uma paciente previamente hígida, que procurou o nosso serviço por um quadro de infecção das vias aéreas superiores de rápida evolução.
Paciente feminina, 33 anos, procurou o pronto-socorro por quadro de disfagia, odinofagia e febre com quatro dias de evolução. Ao exame físico, paciente encontrava-se dispneica e notava-se hiperemia e edema expressivos em região mandibular esquerda, com hipertrofia amigdaliana ipsilateral. A paciente apresentava dificuldade para abrir a boca em função do edema e dor, porém podia-se observada à orosocopia edema e hiperemia jugal. Devido à gravidade do quadro e potencial evolução desfavorável, paciente foi submetida à traqueostomia e cirurgia de drenagem. Na cirurgia foi observada secreção purulenta fétida dissecando a fáscia cervical do espaço parafaríngeo e base do crânio. Após o procedimento, foi admitida na UTI e iniciada antibioticoterapia com ceftriaxona e clinadamicina. Após três dias na UTI foi liberada para enfermaria, evoluindo sem intercorrências até a alta hospitalar.
A angina de Ludwig é tipicamente uma infecção polimicrobiana envolvendo a flora da cavidade oral, sendo o Streptococcus viridans o germe mais comumente associado à doença. Os pacientes geralmente apresentam-se com febre, odinofagia, disfagia e, à medida que a doença progride, a respiração pode tornar-se comprometida. O diagnóstico é estabelecido com base na presença de achados clínicos sugestivos, sendo as vezes necessário o apoio de estudos de imagem. O tratamento da angina de Ludwig envolve a avaliação atenta e manejo de vias aéreas, associados à antibióticos de amplo espectro.
O caso apresentado demonstra a rápida evolução da doença, com risco de real de insuficiência respiratória. Após a obtenção de via aérea definitiva através da traqueostomia e do tratamento com antibioticoterapia nossa paciente evoluiu satisfatoriamente, sem intercorrências durante a internação.
Clínica Médica
Hospital Santa Isabel - Santa Catarina - Brasil
Maurício Felippi Sá Marchi, Eduarda Raquel Przygoda Alves, Bruna Amelia Silva, Vicente Barbosa Ortiz Filho, Gabrielly Araujo Nora