Doença de Still do adulto: relato de caso
A doença de Still do Adulto (DSA) é uma desordem inflamatória sistêmica rara, cujo diagnóstico ainda é um desafio para o médico clínico.
Descrever o caso de um paciente adulto jovem com quadro de febre de origem indeterminada.
Estudo observacional do tipo relato de caso.
DRC, 30 anos, masculino, previamente hígido, procurou pronto atendimento (PA) devido a quadro de odinofagia, mal estar e picos febris (3 vezes ao dia) de início há 20 dias. Fez uso de amoxicilina-clavulanato por 5 dias, obtendo piora dos sintomas. Retornou ao PA, prostrado, inapetente e com lesões cutâneas eritematosas e disseminadas. Prescrito penicilina benzatina. Diante de piora progressiva e antiestreptolisina O positiva foi feito diagnóstico de doença estreptocócica, com posterior internação do paciente. Iniciado levofloxacino e ampliado espectro posteriormente para piperacilina-tazobactam. Ao exame físico, notou – se a presença de nódulo cervical palpável à esquerda, dor articular intensa com sinais flogísticos. As alterações laboratoriais encontradas foram: leucocitose (22.460), ferritina elevada (>2.000), PCR maior que 90. Hemoculturas negativas. Manteve quadro de febre, lombalgia e rash cutâneo, sendo optada por extensão propedêutica: tomografia computadorizada de abdome (sem alterações), propedêutica urinária negativa para infecção, radiografia de tórax (sem alterações) e ecocardiograma transtorácico com derrame pericárdico leve. Além de extensa investigação infecciosa, incluindo sorologias virais, pesquisa de parasitoses e doenças bacterianas negativas. Exames sorológicos para doenças autoimunes não reagentes. Realizado ultrassom cervical e biópsia de nódulo, com anatomopatológico sugerindo hemangioma. Após 10 dias de internação, persistia com febre, poliartrite, leucocitose e elevação de provas inflamatórias. Após exclusão de várias entidades, a hipótese de Doença de Still do Adulto (DAS) foi aventada e optado por iniciar prova terapêutica com prednisona. Após 06 dias de corticoterapia e 48 horas afebril, paciente recebeu alta hospitalar.
A febre prolongada, sem sinais infecciosos, se reveste de investigação clínica rigorosa, sendo imperativa propedêutica sistemática e, representa um desafio ao clínico pela dificuldade diagnóstica. A DSA deve ser sempre considerada na investigação da febre de origem indeterminada. Não existem testes diagnósticos e nem achado histopatológico patognomônico, logo, trata-se de um diagnóstico de exclusão.
rash cutâneo, febre, odinofagia
Clínica Médica
Hospital Madre Teresa - Minas Gerais - Brasil
Alberte Vieira, Sylvia Aparecida Dias Turani, Renata Arruda Cerqueira, Fabiane Vieira Nascimento, Giovana Paoliello Modenesi