Fusariose disseminada em paciente portador de leucemia mieloide aguda: Relato de caso
Introdução: A infecção disseminada por Fusarium é observada em paciente com neutropenia febril prolongada pós quimioterapia. Apresentação comum através de febre persistente apesar da terapêutica adequada com antimicrobianos. Na presença de neutropenia grave prolongada, a presença de lesões cutâneas difusas com aparência de ectima gangrenoso ocorre em função de trombose e infartos causados por angioinvasão do Fusarium.
Objetivos: Relatar caso de paciente com diagnóstico de Leucemia Mieloide Aguda (LMA), que apresentou neutropenia febril por tempo prolongado mesmo as custas de antimicrobianos, desenvolvendo lesões fúngicas disseminadas em pele.
Métodos: Estudo descritivo do tipo relato de caso. Homem, 46 anos, natural e procedente de Porto Calvo/AL, casado, motoboy. Admitido para tratamento de Leucemia Mieloide Aguda. Nega comorbidades. Na admissão apresentava queixas de fraqueza e mal estar. Exames laboratoriais demonstravam anemia normocítica e normocrômica, leucócitos totais 12.000, plaquetopenia severa de 5.000, eletrólitos, função renal, hepática e coagulograma normais. Sorologias negativas para hepatites virais, sífilis, HIV e HTLV. Mielograma compatível com leucemia aguda, consistente com linhagem mieloide, hipercelularidade global aumentada para a idade, presença de 36% de bastos em infiltração medular. Imunofenotipagem detectados 10,4% de células blásticas mieloide. Cariótipo masculino sem anormalidade
Resultados: Submetido a quimioterapia com esquema "3+7" (Ara-C + Daunoblastina). Após o período nadir, apresentou febre persistente por vários dias (neutropenia febril), mesmo às custas de antibiótico, protocolo institucional (cefepime/meropenem), tosse seca e prostração. Iniciado tratamento com antifúngico voriconazol devido a lesões vistas em tomografia computadorizada de tórax com e sem contrastes, caracterizadas por Aspergilose Pulmonar. Evoluiu com lesões de pele, difusas, em placas palpáveis, anelares, centro elevado e que em poucos dias apresentaram necrose. Biopsia de pele: lesões granulomatosas inespecíficas.
Conclusões: Embora rara, a fusariose disseminada é mais comum em paciente portadores de neoplasias malignas hematológicas, receptores de transplantes, que apresentam supressão do sistema imunológico. Por mais que o Fusarium seja ubíquo no ambiente, a prevalência de infecção invasiva é bastante baixa. Porém com prognóstico reservado, representando quase 100% de mortalidade.
Fusarium; infecção fúngica disseminada; neoplasia hematológica; neutropenia febril.
Clínica Médica
Santa Casa de Misericórdia de Maceió - Alagoas - Brasil
Sarah Souza Lira Gameleira, José Paulino Albuquerque Sarmento Neto, Muriel Silva Moura, Antonio Everaldo Vitoriano Araújo Filho, Anderson Castro Feitosa Lisboa