Título

Tireotoxicose por tireoidite de Quervain: o desafio diagnóstico de uma paciente com dor em região cervical

Fundamentação/Introdução

A tireoidite subaguda de Quervain é um estado tireotóxico transitório, que se apresenta com dor ou desconforto na região cervical anterior. Afeta mais as mulheres (3 a 5:1) e tem presumida relação causal com processos inflamatórios pós-virais, com relatos de infecção respiratória 2 a 8 semanas antes do início do quadro. A hipótese mais aceita para a lesão é a do complexo de antígeno-HLA-B35 com ativação dos linfócitos T citotóxicos e dano às células foliculares tireoidianas devido à semelhança estrutural. Não é considerada reação auto-imune, pois não é perpetuada. A tireoidite resulta em liberação de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) na circulação, gerando tireotoxicose transitória até regeneração do órgão.

Objetivos

Descrever o caso de uma paciente com tireoidite de Quervain, e mostrar a importância da suspeição diagnóstica em pacientes com quadros álgicos em região cervical anterior, evitando-se, portanto, o uso indiscriminado de antibióticos.

Delineamento/Métodos

Relato de caso de paciente atendida em ambulatório de nível secundário de atenção em Boa Vista/RR.

Resultados

Paciente feminina, 43 anos, com quadro de dor em base do pescoço com irradiação para mandíbula, odinofagia de repetição, além de febre (tax 38°C) e artralgia generalizada, iniciado há 2 meses. Relatava uso de antibióticos, sem melhora. Ao exame IMC: 20,73Kg/m2, normotensa, eucárdica e à palpação: tireoide dolorosa, aumentada de volume 2x/LSN e irregular. Orofaringe sem alterações. Foram solicitados hormônios tireoidianos, bioquímica e marcadores de autoimunidade, com os seguintes resultados: TSH 0,03mcUI/mL (0,34-5,60), T4 livre:1,25ng/dL (0,54-1,24), VHS:61mm, autoanticorpos negativos. Negava uso de medicamentos para perda de peso. Para definição etiológica foi solicitada cintilografia de tireoide que apresentou normocaptação glandular sem presença de nodulação. Prescrito AINE com boa resposta sintomática.

Conclusões/Considerações finais

É importante dentro da história clínica do paciente com dor em região cervical anterior, a realização do diagnóstico diferencial com tireoidite. Muitos destes são tratados, com múltiplos esquemas de antibióticos, bem como, procuram diversos especialistas a fim de encontrar a etiologia de sua dor. O quadro de tireoidite é autolimitado e o seguimento é realizado com medicamentos sintomáticos. Nos quadros álgicos mais exuberantes, faz-se corticoide oral e na vigência de tireotoxicose com manifestação cardiovascular, objetiva-se o uso de betabloqueadores.

Palavras Chaves

tireoidite de Quervain

Área

Clínica Médica