PRESENÇA DE AUTOANTICORPOS NA HANSENÍASE -RELATO DE CASO
A hanseníase, doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae tem predição pela pele e nervos periféricos. Manifesta-se em dois pólos estáveis e opostos (virchowiano e tuberculóide) e dois grupos instáveis ( indeterminado e dimorfo), dependendo da interação entre os fatores de virulência do patógeno e a resposta imunológica do hospedeiro. A associação entre doenças infecciosas e autoimunidade tem sido documentada. Pacientes com hanseníase podem manifestar sintomas que simulam os do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), dificultando o diagnóstico e tratamento.
Relatar um caso de hanseníase com presença de autoanticorpo.
Relato de caso.
Paciente masculino, 47 anos, pedreiro, procedente de área endêmica para hanseníase, com queixa inicial de prurido e descamação, principalmente em orelhas e mãos. Inicialmente tratado como reação de hipersensibilidade ao cimento e após como tinea corporis por 1 ano. Há 3 meses evolui com placas eritematosas disseminadas, rash malar, febre, poliartralgia, artite em mãos e punhos e edema nos pés. Relata madarose e queda dos pêlos de membros inferiores. Em exames complementares apresentava anemia discreta normocítica e normocrômica, plaquetopenia leve, provas inflamatórias elevadas, fator reumatóide e anti-CCP negativo, fator antinuclear(FAN) citoplasmático fibrilar 1:80, outros autoanticorpos negativos (anti-SSA/RO, anti-SSB/LA, anti-SM, anti-DNA nativo); dosagem de complemento normal, reticulócitos e COOMBS direto negativos, sorologias negativas ( hepatite B, hepatite C, HIV, sífilis). Ultrassom de abdome com esplenomegalia discreta. Raio X de mãos e punhos sem alterações. Até o momento não apresentava critérios diagnóstico para LES, sendo levantada hipótese de hanseníase. Paciente foi encaminhado para realização de raspado dérmico e pesquisa de Bacilo álcool-ácido-resistente (BAAR) na linfa, evidenciando presença de bacilos fragmentados e granulosos, compatível com diagnóstico de hanseníase virchowiana. Iniciado esquema de poliquimioterapia multibacilar padrão e prednisona 20mg/dia com desmame progressivo, apresentando melhora do quadro.
Hanseníase pode correlacionar-se positivamente com a presença de autoanticorpos. Algumas hipóteses podem explicar esse fato, como a ativação policlonal e proliferação de células B. Além disso, as infecções também desempenham um papel importante na indução e manutenção da autoimunidade, que após a lesão tecidual, apresentam novos antígenos ao sistema imunológico.
hanseníase, autoanticorpos, lúpus eritematoso sistêmico.
Clínica Médica
Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal-FACIMED - Rondônia - Brasil
Querolai Gomes Gadelha, Thais Rockenbach Gaona, Raquel Marques Sandri