14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

O vírus da imunodeficiência humana como fator confundidor do diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico

Fundamentação/Introdução

A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um importante confundidor no diagnóstico das doenças do tecido conjuntivo, como lúpus eritematosos sistémico (LES). Ambas são doenças multissistêmicas, com semelhanças clínicas e diagnósticas. Manifestações clínicas como febre, fadiga, perda de peso, leucopenia e linfopenia, são frequentemente encontradas na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e no LES. Doenças infecciosas são capazes de induzir a formação de auto anticorpos, o que torna a diferenciação entre as duas doenças ainda mais complexa.

Objetivos

Apresentar um caso de infecção pelo HIV e glomerulonefrite de reversão espontânea, com critérios classificatórios para LES.

Delineamento/Métodos

E.C., masculino, 44 anos, sem comorbidades, iniciou quadro de astenia, inapetência, vômitos, tosse com expectoração esverdeada e febre. Atendido em pronto socorro e diagnosticado com HIV e pneumonia. Em investigação de infecção oportunista, líquor demonstrava leucócitos 300, linfócitos 87%, proteína 266 mm3, glicose 16 mg/dl), iniciado tratamento empírico para meningite tuberculosa e descartada tuberculose pulmonar. Também apresentava linfopenia e evoluiu com hematúria microscópica, presença de dismorfismo eritrocitário, insuficiência renal aguda com creatinina de 12,6 mg/dl. Laboratório: FAN 1/160 nuclear pontilhado fino, anti-DNA 1/80, proteinúria de 2,8g/24hr, coombs direto positivo, anticardiolipina IgG reagente (38,5). Histórico de prima falecida por complicações do LES. Optado por não iniciar imunossupressão devido ao quadro infeccioso em curso, progrediu em semanas com melhora completa da função renal, negativação de auto anticorpos, desaparecimento da hematúria e proteinúria.

Resultados

Recebeu alta hospitalar em tratamento para neurotuberculose e antirretrovirais. Após um ano o paciente permanece sem manifestações que sugerem o diagnóstico de lúpus.

Conclusões/Considerações finais

Existem poucos relatos de ocorrência simultânea de HIV e LES. A positividade do FAN e anticardiolipinas são muito frequentes no LES, mas não são nos pacientes com HIV. O anti-DNA é um anticorpo altamente específico para LES e não encontramos na literatura relatos de sua positividade associada ao HIV. Coexistindo LES e infecção pelo HIV, pode haver melhora das manifestações relacionadas ao LES com a redução da carga viral. É fundamental o rastreio de doenças infecciosas durante a investigação para LES, especialmente as hepatites virais e o HIV.

Palavras Chaves

vírus da imunodeficiência humana, lúpus eritematoso sistêmico

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Geral de Carapicuíba - São Paulo - Brasil

Autores

Glaucia Ferreira Abrahão, Mariana Lafeta Lima, Juliana Lucena dos Santos, Maria Luiza Galoro Corradi, Felipe Sebastião de Assis Reis