Comprometimento valvar tricúspide na Síndrome Carcinóide: Relato de um Caso de doença carcinóide cardíaca
Doença carcinóide cardíaca (DCC), caracterizada pelo espessamento fibroso das valvas cardíacas é freqüente em pacientes com síndrome carcinóide, e responde por substancial morbidade e mortalidade. A fisiopatologia da DCC é pouco compreendida, porém acredita-se que o aumento dos níveis séricos de serotonina seja um dos maiores fatores contribuintes para seu surgimento. Sintomas de Insuficiência cardíaca podem causar considerável perda de qualidade de vida.
Discutir aspectos relevantes na doença carcinóide cardíaca.
Relato de caso: Paciente, sexo masculino, 66 anos, natural de São Paulo-SP. Internado em março/2017 após dar entrada no pronto-socorro devido a quadro de desidratação e injúria renal aguda. Diagnostico prévio de tumor carcinóide em 2008, tendo sido submetido a hepatectomia e colectomia direita naquele mesmo ano. Evoluiu assintomático em uso de análogo de somatostatina até meados de 2016, quando começou a apresentar crises caracterizadas por flushing, hipotensão e sudorese. Na ocasião, Prescrito Everolimo, com melhora parcial do quadro. Há cerca de um mês começou a apresentar edema de MMII, sendo prescritos furosemida 40mg 12/12h e espironolactona 50mg 12/12h. Há dois dias da admissão, relata quadro de hipotensão e pré-síncope, tendo suspendido diuréticos por conta própria. Em março/2017, durante nova crise, relata hipotensão importante (PA 80x40), procurando atendimento médico. Ao exame físico: ACV: BRNF em 2T. SS em FT 3+/6 + . Extremidades: Presença de edema 2+/4+, com sinal do cacifo, sem sinais de empastamento. Restante do exame físico sem alterações.
ECODOPPLERCARDIOGRAFIA (09/03/2017): Valva triscúspide com folhetos espessados, com diminuição do movimento de suas cúspides, com falha de coaptação e refluxo moderado/importante, compatível com doença carcinóide cardíaca.
Discussão: A coexistência de doença cardíaca confere piora significativa do prognóstico nos pacientes com síndrome carcinóide. Sinais e sintomas clínicos podem ser sutis até que a disfunção valvar grave ocorra. ECO transtorácico permanece o padrão ouro para o diagnóstico e seguimento da DCC. Este exame deve ser realizado em todos os pacientes com síndrome carcinóide e com suspeita de DCC. O manejo da DCC envolve medidas clínicas para insuficiência cardíaca, redução agressiva dos níveis circulantes de ácido 5-hidroxiindolacético e, em pacientes seletos, troca valvar. A terapia deve ser individualizada para cada paciente e uma abordagem multifatorial deve ser considerada.
Síndrome carcinóide; doença carcinóide cardíaca; insuficiência tricúspide, regurgitação tricúspide; insuficiência cardíaca; flushing
Clínica Médica
HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS - São Paulo - Brasil
LUIS AUGUSTO CARVALHO, Bruno Simão dos Santos