“MONOARTRITE DE JOELHO COMO ÚNICA MANIFESTAÇÃO DE PARACOCCIDIODOMICOSE EM PACIENTE IDOSA”
Introdução: A paracoccidioidomicose é uma infecção fúngica sistêmica endêmica na América Latina, de transmissão via inalatória por indivíduos geralmente moradores de zonas rurais onde o fungo é encontrado no solo. Assintomática na maioria dos casos, quando manifesta, causa um processo granulomatoso pulmonar. O acometimento ósseo e articular isolado é raro.
Objetivo: Salientar a importância de considerar e incluir a infecção pelo Paracoccidioides brasiliensis na lista de diagnósticos diferenciais das monoartrites, mesmo quando presente de forma isolada ou como sua única manifestação clínica, principalmente em áreas endêmicas. Bem como expor a importância da cultura do líquido sinovial na confirmação diagnóstica.
Relato de Caso:
Mulher, 69 anos, do lar, procedente da zona rural de município em Minas Gerais. Com dor em joelho esquerdo há 2 anos, piora progressiva nos últimos 2 meses até limitar a deambulação. Sem dor em outras articulações e outros sintomas. Hipertensa e cardiopata. Evidenciava sinais flogísticos e dor limitante ao exame deste joelho. A paciente trazia uma Ressonância Nuclear Magnética pregressa dos joelhos, com sinais de condropatia femorotibial, erosão profunda da cartilagem tibial, derrame articular e sinovite a esquerda. Em raio x atual, ainda redução no espaço articular femorotibial e áreas irregulares na eminência intercondiliana medial. Exames laboratoriais mostravam hemograma com presença de bastões e Proteína C Reativa elevada. Optou-se assim pela punção cirúrgica da articulação e drenagem do líquido articular para análise e cultura. Resultante na presença de polimorfonucleares, vários gram positivos e morfologia sugestiva de Paracoccidioidomicose. A Cultura confirmou presença do P. brasiliensis. Feita então a Tomografia de tórax que não mostrou acometimento pulmonar. Iniciado tratamento com Anfotericina B, endovenosa, trocado para Bactrim 160mg, 2 vezes ao dia, devido a lesão renal aguda. A paciente recebeu alta após melhora clínica e laboratorial com uso do Bactrim F, 180mg/800mg, via oral, 3 vezes por dia, por 18 meses. Acompanha no ambulatório e em seu retorno já deambulava sem limitação.
Conclusão: É fundamental considerar a Paracoccidioidomicose como diagnóstico diferencial em monoartrites, mesmo isoladas, em áreas endêmicas. A recuperação após o inicio do tratamento e a capacidade de andar novamente da paciente mostra a importância de fazer o diagnóstico certo precoce, utilizando a análise e cultura do líquido sinovial.
PARACOCCIDIOIDOMICOSE, MONOARTRITE, JOELHO, CULTURA DO LIQUIDO SINOVIAL
Clínica Médica
SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PASSOS - Minas Gerais - Brasil
FELIPE MARQUES TOMÉ, PRISCILA FREITAS DAS NEVES GONÇALVES