Trombocitopenia: um desafio na abordagem inicial.
Introdução:Trombocitopenia é definida como contagem de plaquetas(CP) inferior a 150.000/mm3. Diante de um quadro de trombocitopenia deve-se pensar nem: redução da produção na medula óssea, sequestro esplênico e aumento da destruição. Importante afastar pseudotrombocitopenia decorrente da aglutinação de plaquetas e imunoglobulinas(Ig) quando analisada em recipientes contendo etilenodiamina tetracética. Essas medidas são essenciais para conduzir a investigação.
Objetivo:Orientar o diagnóstico e conduta inicial frente a trombocitopenia decorrente de púrpura trombocitopenica imune(PTI).
Relato de caso:H.F.S, 16 anos, masculino, estudante, morador e natural do Rio de Janeiro, sem comorbidades, procura unidade de saúde por quadro iniciado há 5 dias de astenia e lesões puntiformes eritematosas não pruriginosas em fossa cubital e antebraço bilateralmente. Evoluiu com gengivorragia espontânea. Negava viagens, uso de drogas recreativas, medições de uso contínuo, sintomas constitucionais ou alteração nos grandes sistemas. Contudo, revelou quadro de alteração de trato gastrointestinal há 3 semanas sem sinais de disenteria por 2 dias e resolução espontânea. Ao exame apresentava petéquias em tronco e membros superiores, além de discreta purpura na face medial da coxa direita , sem organomegalias. Na admissão CP 16.000/mm3, sem alteração no restante do laboratório. Assim sendo, foi prescrito ivermectina por 2 dias e pulsoterapia com 1g de metilprednisolona por 3 dias, seguido de prednisona 1mg/kg. Sorologias para hepatite, anti-HIV, VDRL, fator antinuclear, todos não reagentes e função tireoideana normal. No 5° dia CP 56.000/mm3. Paciente respondeu ao tratamento e recebeu alta hospitalar com CP 110.000/mm3 para acompanhamento ambulatorial
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Conclusões:PTI é um distúrbio da hemostasia primária com trombocitopenia induzida por anticorpos. Varia do quadro assintomático até sangramentos graves. Banco de dados não nacionais estimam incidência de 2,94 em 100.000/ano. Pode ser desencadeado por processo infeccioso ou autoimune. O quadro clínico envolve sinais de sangramento cutaneomucoso sem outras anormalidades hematológicas. Durante investigação deve-se avaliar infecções virais(HIV, vírus C) por ser achado comum nessas comorbidades. Tratamento de escolha é com corticoide. Nos casos refratários podemos utilizar Ig humana, esplenectomia, imunomoduladores, agonista do receptor de trombopoetina. A transfusão de plaquetas deve ser reservada no sangramento grave.
trombocitopenia, púrpura trombocitopênica imune
Clínica Médica
Alan Vicente Ferreira, Solange Elehep Nigri, Daniela Pinto Processi, Alessandra De Martino Mota, Alessandra Gouvêa Longo