COLESTASE INTRA-HEPÁTICA EM USUÁRIO DE ESTANOZOLOL: RELATO DE CASO
O estanozolol é um esteroide anabolizante sintético derivado da di-hidrotestosterona e o seu uso está associado a diversos efeitos colaterais, ainda assim, é amplamente procurado devido a atual cultura em se buscar a forma física ideal.
Relatar um caso de uso de anabolizante que evoluiu com colestase intra-hepática.
Relato de caso com revisão de prontuário médico e pesquisa bibliográfica.
Paciente, masculino, 20 anos, pizzaiolo, solteiro, etilista social (fermentados e destilados), com história de uso intermitente de produtos voltados para o ganho de massa muscular e perda de gordura corporal (aminoácidos de cadeia ramificada, proteínas do soro do leite, complexo vitamínico, compostos antioxidantes e enzimas digestivas). Em outubro de 2016, iniciou uso de estanozolol 50 miligramas (mg) intramuscular, em dias alternados totalizando 1000 mg. No mês de janeiro de 2017, passou a apresentar náuseas, tontura, astenia e pirose, evoluindo com acolia fecal, colúria, perda de peso não quantificada, icterícia de intensidade crescente e prurido, foi internado mantendo bom estado geral e ictéricia 4+/4+ como único achado ao exame físico. Durante internação, paciente apresentou níveis de bilirrubina total na ordem de 48,15 mg/dl, com predomínio de bilirrubina direta (43,47 mg/dl), e transaminases levemente aumentadas. A investigação contou com marcadores de hepatopatia autoimune, sorologias para hepatites virais, sífilis, HIV, toxoplasmose, utrassonografia de abdome superior, colangiorresonância, colangiopancreatografia retógrada, todos sem achados específicos. Após afastar outras causas e devido exposição recente ao anabolizante estanozolol, a principal hipótese definida foi a de colestase intra-hepática secundário à substância. Realizado tratamento de suporte com colestiramina e ácido ursodesoxicólico, recebeu alta com acompanhamento ambulatorial constante para evitar desfecho desfavorável.
O uso de esteroides anabolizantes vem crescendo a cada dia, na grande maioria das vezes sem indicação precisa e sem o acompanhamento médico necessário, assim, devemos acumular informações dos diversos efeitos colaterais e realizar medidas para ampliar o conhecimento da população dos malefícios que estão expostos ao adotar tais práticas.
estanozolol, colestase, ictericia
Clínica Médica
Maisa Rondon Silva Campos, Bianca Coelho Damin, Felipe Augusto Paiva Dias, Giuliano Prediger Dobri, Aniellle Freitas Bendo Danelichen