Canal arterial patente em paciente com 68 anos: relato de caso.
A persistência do canal arterial (PCA) é a terceira anormalidade congênita mais comum. A maioria é diagnosticada e tratada na infância, contudo pode haver casos só detectados na adolescência ou idade adulta. A magnitude do shunt depende da resistência oferecida pelo canal se o canal é pequeno, ou pela resistência vascular pulmonar se o canal é grande. Com a PCA podem surgir algumas complicações, como sobrecarga de átrio e ventrículo esquerdo, fibrilação atrial, alterações vasculares pulmonares (podendo culminar com Síndrome de Eisenmenger), endocardite, pneumonia recorrente, insuficiência cardíaca congestiva, calcificação, aneurisma e raramente ruptura. O fechamento pode ser feito por implante de endoprótese ou por cirurgia aberta.
Relatar caso clinico de uma PCA, sendo essa uma cardiopatia congênita raramente encontrada em adulto.
Estudo descritivo por análise de prontuário e exames complementares.
Paciente do sexo feminino, 68 anos, hipertensa e obesa, encaminhada por descontrole pressórico e também por sintomas de dispneia aos esforços. Ecocardiograma evidenciou ventrículo esquerdo com dilatação moderada e disfunção diastólica grau 2, dilatação importante de átrio esquerdo, insuficiência mitral e tricúspide discretas, hipertensão pulmonar (HP) discreta, dilatação da artéria pulmonar com imagem sugestiva de PCA de 4 mm de diâmetro. Solicitado aortografia torácica e pulmonar que revelou presença de canal arterial patente e artérias pulmonares proximais calibrosas. Angiotomografia de aorta torácica evidenciou tronco pulmonar com dilatação importante, artérias pulmonares direita e esquerda dilatadas em suas porções proximais, PCA com extremidade aórtica 1,0 x 0,9 cm e pulmonar de 0,6 x 0,4 cm, presença de placas calcificadas no arco e na borda inferior do canal. Concluído tratar-se de miocardiopatia secundária à PCA. Como a paciente manteve-se sintomática mesmo após otimização de medicações para tal, optado por indicar fechamento do defeito.
A PCA é uma cardiopatia congênita raramente encontrada em adultos. As fases iniciais da doença se manifestam como dispneia e intolerância aos esforços, sendo que a fase final pode cursar com HP, cianose e inversão do shunt (Síndrome de Eisenmenger), cujo prognóstico é reservado. Quando sintomática, deve ser indicada correção. O implante de endoprótese é um procedimento menos invasivo e com excelentes resultados, devendo ser a primeira escolha, salvo impossibilidade de realização do mesmo.
Clínica Médica
Centro Universitário do Espírito Santo - Espírito Santo - Brasil
Laís Vago, Julia Assis Pires, Paula Gomes Martins, Paulo Roberto Angelete Alvarez Bernardes