Implante de prótese valvar aórtica transcateter com abordagem minimalista: Relato de caso e primeira experiência do serviço.
O implante de prótese valvar aórtica transcateter (TAVI) é uma alternativa à cirurgia tradicional (mediastinal aberta) nos casos de estenose aórtica (EAo). Trata-se de um procedimento menos invasivo, com menores índices de morbimortalidade. Atualmente a técnica “minimalista”, onde o procedimento é feito sob sedação e monitorização por ecocardiograma transtorácico (ECOTT), vem ganhando importância no cenário mundial, proporcionando mesmos índices de sucesso com menor invasividade para o paciente.
Relato de caso sobre o ganho de espaço de implante de prótese valvar aórtica transcateter com abordagem minimalista em pacientes de intermediário risco.
Estudo descritivo por análise de prontuário e exames complementares.
Paciente de 76 anos, hipertenso, com insuficiência renal crônica não-dialítica, fibrilação atrial crônica e sabidamente portador de EAo, vem apresentando nos últimos meses sintomas de dispnéia e incapacidade de realizar esforços, com piora da classe funcional, apesar de tratamento clínico otimizado. Optado por internação hospitalar, onde foi possível obter mínima melhora clínica. Realizado ECOTT, que evidenciou quadro de EAo importante (área valvar de 0,7 cm²) com disfunção ventricular associada (fração de ejeção de 30%). Indicada substituição valvar aórtica, porém o risco cirúrgico (RC) para a abordagem tradicional (Euro Score e STS Score) foi de 17 à 24% em termos de mortalidade, chegando a 45% considerando a morbimortalidade. Discutido o caso com o paciente e familiares, e com equipe médica (Heart Team), sendo optado pela realização do TAVI. Realizados exames de imagem, que descartaram presença de lesões coronarianas e vasculares, confirmando a possibilidade de realização de procedimento via trans-femoral. Optado pela abordagem minimalista, com sedação superficial + anestesia local, e monitorização por ECOTT, que transcorreu sem intercorrências, com sucesso no resultado. O paciente permaneceu 1 dia na unidade de terapia intensiva e mais 2 dias na enfermaria, tendo alta no 3º pós-operatório.
O TAVI já é um procedimento muito bem estabelecido em pacientes de alto e altíssimo RC, e vêm ganhando espaço inclusive naqueles de intermediário risco. A abordagem minimalista, comparada à técnica tradicional de TAVI, possibilita duração mais curta do procedimento, recuperação mais rápida do paciente, diminuição do tempo de internação e do risco de infecções hospitalares, assim como de outras complicações associadas à internação prolongada.
Clínica Médica
São Bernardo Apart Hospital - Espírito Santo - Brasil
Julia Assis Pires, Lais Vago, Maria Augusta Ribeiro Mattedi, Paulo Roberto Angelete Alvarez Bernardes