Tromboembolismo pulmonar pós tireoidectomia por carcinoma papilífero de tireóide: um relato de caso
O carcinoma papilífero de tireóide é o tumor mais frequentemente encontrado nesta glândula. Tem evolução benigna na maioria dos casos, costumando evoluir com cura pós exérese cirúrgica. Apresentamos o caso de um jovem sem comorbidades prévias que evoluiu com dispnéia súbita em pós operatório recente de tireoidectomia total.
Relatar complicação unusual de carcinoma papilífero de tireóide
Relato de Caso
Descrição do caso: FOS, 26 anos, masculino, residente de São José dos Campos, foi admitido em pronto atendimento de nosso serviço referindo dor mal localizada em região de hipocôndrio direito, sem irradiações, de início súbito e ventilatório dependente. Exame físico evidenciou fácies de dor, normotermia, discreta dispnéia sem limitação de expansibilidade pulmonar com crepitações finas em base de hemitórax direito; ritmo cardíaco, pressão arterial, pulsos e abdome dentro da normalidade. Em sua história patológica recente, relata ter sido submetido à tireoidectomia total por carcinoma papilífero de tireóide três dias antes, a qual ocorreu sem intercorrências. Hemograma sem alterações de leucometria e provas inflamatórias em baixos títulos. ECG com taquicardia sinusal e inversão de onda T em parede inferior. Radiografia de tórax revelou pequena área de consolidação em base direita. Foram calculados os escores de Wells e Genebra para tromboembolismo pulmonar agudo, ambos com pontuação de probabilidade pré-teste intermediária: 4 e 7 pontos, respectivamente. Procedida angiotomografia de tórax que evidenciou TEP em ramos interlobares de lobo médio e inferior direito e área de infarto pulmonar em base direita. Paciente foi internado em UTI para anticoagulação plena com heparina fracionada e evoluiu com regressão total da sintomatologia. Alta para clínica médica e posteriormente para domicílio com rivaroxabana 15mg/dia e encaminhamento para ambulatório de hematologia para avaliação de patologias pró-trombóticas de base.
A associação de tromboembolia pulmonar com carcinoma papilífero de tireóide é evento de baixíssima prevalência clínica. Se faz mister atentar para a ausência de períodos de imobilidade em tempo pós cirúrgico, além da inexistência de alterações sugestivas de trombose venosa profunda que poderiam sugerir foco primário da embolia. É necessária avaliação de estados de hipercoagulabilidade crônicos como causa genética, a qual associada à fatores ambientais, culminaram no quadro em questão.
Carcinoma Tireoide Papilifero Tromboesmbolismo
Clínica Médica
Hospital Policlin - IPEP - São Paulo - Brasil
Silvio Delfini Guerra, Paloma Beatriz Ratto , Rafaela Vieira Canettieri, Mariah de Paula Leite, Joao Manoel Theotonio dos Santos