BLOQUEADOR BETA-ADRENÉRGICO COMO AGENTE DE REVERSÃO AGUDA DE FIBRILAÇÃO ATRIAL
Introdução: Bloqueadores beta-adrenérgicos são consagrados controladores de frequência cardíaca em taquicardias supraventriculares, porém em raros casos pode ocasionar reversão do ritmo cardíaco.
Objetivo: Apresentar caso clínico em que o uso de betabloqueador levou à reversão do ritmo cardíaco.
Caso Clínico: Paciente de 80 anos, sexo feminino, apresentando há três dias quadro típico de pneumonia adquirida na comunidade, em uso de antibióticos há dois dias, com progressiva piora respiratória, admitida no setor de emergência do Hospital João XXIII em Belo Horizonte- MG em janeiro de 2017. Previamente hígida, negava comorbidades, não fazia uso de medicamentos ambulatoriais. Ao exame físico notada taquicardia com ritmo cardíaco irregular, ao eletrocardiograma taquicardia atrial multifocal. No segundo dia de internação hospitalar apresentou fibrilação atrial com alta resposta ventricular, frequência média de 180 batimentos por minuto, sem instabilidade hemodinâmica. Optada pela realização de controle da frequência com metoprolol, evoluindo a ritmo regular após duas administrações em bolus de 5mg em um intervalo de 10 minutos. Novo eletrocardiograma demonstrou ritmo cardíaco sinusal. Paciente recorreu com ritmo irregular no quarto dia de internação, sendo introduzido betabloqueador enteral, com reversão do ritmo ainda durante a internação. Recebeu alta após 10 dias de hospitalização apresentando ritmo cardíaco sinusal, em uso de Atenolol 100mg por dia.
Discussão: Bloqueadores beta-adrenérgicos são classificados como antiarrítmicos da Classe II de Singh-Vaughan Williams. Suas propriedades antiarrítmicas estão relacionadas à habilidade de inibir influências simpáticas na atividade elétrica cardíaca. Tais influências eletrofisiológicas aumentam a velocidade de condução dos estímulos, particularmente no nó atrioventricular, a automaticidade do nó sinoatrial e dos focos marca-passo aberrantes. A inibição dos adrenoreceptores beta-1 também afeta os potenciais de ação do miocárdio, aumentando o período refratário efetivo, principal efeito de bloqueio das arritmias.
Conclusão: Betabloqueadores atuam primariamente no controle da frequência cardíaca em taquiarritmias, embora seus efeitos antiarrítmicos também podem promover cardioversão química de arritmias.
Clínica Médica
Hospital João XXIII - Minas Gerais - Brasil
Paulo Sérgio de Oliveira Cavalcanti, Guilherme Donini Armiato, Marcelo Lopes Ribeiro, Pedro Victor Silva Valente, Daniel Ramos e Figueiredo