Demência rapidamente progressiva associada ao HIV, Relato de caso.
É comum o desenvolvimento de alguma forma de desordem neurocognitiva nos pacientes HIV, chegando até 52% de acometimento numa média de idade de 43 anos, porém apenas 2% desenvolvem demência franca. O tratamento antiretroviral pode retardar o inicio do quadro demencial, podendo até reverte-lo a níveis brandos.
Relatar caso ocorrido no Hospital Getúlio Vargas, Recife, em julho de 2016.
Estudo descritivo do tipo relato de caso baseado em dados obtidos através de anamnese, exame físico e exames complementares, associado a revisão na literatura.
Paciente, 59 anos, sexo feminino, admitida com quadro de emagrecimento, perda de memória, dificuldade de deambulação e diminuição da interação há cerca de 2 anos da admissão. Evoluiu com piora significativa dos sintomas nos últimos 2 meses. Acompanhante negava comorbidades. Exames admissionais revelaram anemia, leucopenia e um teste rápido positivo para HIV. Ressonância Magnética de crânio evidenciou acentuação dos sulcos entre os giros cerebrais e coleção subdural em hemicrânio esquerdo com maior espessura de 1,1cm e discreto desvio de linha média.Foi avaliada por equipe de neurocirurgia que contra-indicou abordagem cirúrgica, não relacionando sintomatologia com hematoma em questão. Foi realizado Eletroencefalograma que mostrou redução na amplitude elétrica de base com lentificação difusa compatível com quadro demencial e colhido LCR que não mostrou alterações significativas. Durante internamento paciente evoluiu com lesões de pele bolhosas, quadro atribuído a Síndrome de Stevens Johnson, obtendo melhora após retirada de Bactrim ( profilaxia para Pneumocistose). Foi então iniciada terapia antiretroviral e paciente evoluiu com melhora significativa de sintomas neurocognitvos.
A demência associada ao HIV ocorre predominantemente em pacientes não tratados e com infecção avançada , é caracterizada por disfunção subcortical com comprometimento da atenção-concentração, memória, velocidade, precisão psicomotora e sintomas depressivos. O diagnóstico requer avaliação para distúrbios pré-existentes ou alternativos que possam explicar o déficit cognitivo, incluindo outros distúrbios neurodegenerativos, transtornos psiquiátricos primários , causas infecciosas, hipotireoidismo e deficiência de B12, sendo assim um diagnóstico de exclusão. O Tratamento com antirretrovirais está associado a melhora neurológica e cognitiva e constitui a terapia padrão, apresentando tanto valor preventivo como terapêutico.
HIV, Demência, Stevens Johnson
Clínica Médica
MARILIA CAROLINA BRAGA DE MOURA, JEANNE THAYS LIMA XAVIER, RODRIGO MEDEIROS BARBOSA ARRUDA