POLIDIPSIA PSICOGÊNICA: UM RELATO DE CASO
Introdução: O caso acompanhado, trata-se de um paciente do sexo masculino, W.C.M.S., 40 anos, com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e diagnóstico de esquizofrenia na adolescência, em uso de clorpromazina, hidroclorotiazida, losartana, omeprazol e risperidona. Foi encaminhado pela psiquiatria ao ambulatório de endocrinologia, com história de polidipsia (até 8 L/dia), poliúria e emagrecimento, para investigação de diabetes insipidus (DI).
Objetivo: apresentar a história clínica do paciente e avaliar diagnósticos diferenciais e os métodos diagnósticos indicados pela literatura.
Métodos: Estudo descritivo de relato de caso com pesquisa baseada em artigos científicos encontrados nas bases de dados Pubmed e Scielo, nacionais e internacionais, a partir de palavras-chaves padronizadas por meio de buscas no DeCS (Descritores em Ciência da Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings).
Resultados: A poliúria (diurese maior que 3 L/dia) na exclusão de causas comuns, como hipercalcemia, hiperglicemia ou alívio da obstrução do trato urinário, pode ser causada por DI cujo diagnostico diferencial é a polidipsia primária (PP), também chamada polidipsia psicogênica. O DI é caracterizado por poliúria hipotônica superior a 3 L/dia em adultos e persistente mesmo durante a privação de água. A etiologia da PP ainda é incerta e provavelmente multifatorial, mas ocorre em até 20% dos pacientes psiquiátricos, principalmente com esquizofrenia crônica. Para diagnóstico, vários testes podem ser realizados como o teste de privação hídrica, exames de imagem, dosagem da copeptina. O teste de privação de água é o teste padrão-ouro para diferenciar o DI central ou nefrogênico da PP em pacientes com poliúria e polidipsia. Porém poucos estudos abordam o desempenho diagnóstico deste teste. Utilizando exames como a osmolaridade sérica, densidade urinaria e concentração do sódio sérico e urinário é possível diferenciar a PP do DI. A densidade urinária (através do teste da privação hídrica) do paciente foi de 1,010, associado à osmolaridade sérica calculada de 273 mOsm/L confirmam a hipótese diagnóstica de PP. A hidroclorotiazida pode ser utilizada como tratamento em alguns casos do DI, mas não para a PP. O paciente foi encaminhado para a psiquiatria e obteve melhor controle da ingestão de água com o uso da quetiapina.
Conclusão: Ainda não há um consenso na literatura sobre a etiologia e o tratamento da PP sendo necessário novos estudos sobre o tema.
Polidipsia
Polidipsia Psicogênica
Diabetes insipidus
Poliuria
Clínica Médica
Ana Paula Oliveira Silva, Angelinda Rezende Bhering, Levimar Rocha Araujo, Angela Paiva Correa