Síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono como fator de risco isolado para insuficiência cardíaca
INTRODUÇÃO: A Síndrome da apneia/hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) é caracterizada por obstrução da via aérea superior (VAS), a qual leva a apneias e microdespertares marcados pela sonolência diurna. As principais consequências das apneias são as cardiovasculares como a Insuficiência cardíaca (IC). Um dos tratamentos da SAHOS é com pressão positiva da VAS (CPAP), mostrando benefício à IC.
OBJETIVOS: Mostrar a SAHOS como importante etiologia para IC.
MÉTODOS: Consulta ao prontuário médico e ao Pubmed/Medline/Scielo.
RELATO DE CASO: A.A.L, 66 anos, sexo masculino, portador de hipotireoidismo há 30 anos e hipercolesterolemia há 1 ano, em uso de PuranT4 88mcg e rosuvastatina 5mg. Diagnosticado há 2 meses com hipertrofia do ventrículo esquerdo (VE) e SAHOS. O Quadro iniciou há 6 anos com agravamento de sintomas há 1 ano - fadiga, sono não reparador, sonolência diurna e dispneia aos médios esforços. Há 2 meses buscou auxílio de cardiologista, onde foi diagnosticado e acompanha a hipertrofia do VE e encaminhado ao especialista do sono, diagnosticado com SAHOS. Obteve 19 pontos na escala de Epworth e mais de duas categorias no questionário de Berlin. Realizada a polissonografia - compatível com índice de distúrbio respiratório obstrutivo do sono aumentado e em grau severo – e o exame de titulação do CPAP manual, mostrando melhora significativa de qualidade do sono, dos roncos e da saturação periférica. DISCUSSÃO: Na SAHOS as alterações cardiovasculares deve-se a ativação simpática pela hipoxemia noturna, o qual eleva a pressão arterial e posterior disfunção endotelial. O estresse oxidativo oriundo da hipóxia leva à formação de radicais livres, contribuindo na piora da aterosclerose, trombose vascular e disfunção do ventrículo direito. Assim, ao encontrar alterações no hoter é prudente investigar a existência de SAHOS. Na SAHOS, o decúbito horizontal durante o sono e a pressão negativa intratorácica causada pelo esforço respiratório aumentam o retorno venoso para as câmaras cardíacas direitas, isso somado a elevação de catecolaminas pela hipóxia levam à resistência periférica e diminuição da ejeção do VE e possível hipertrofia. Quanto ao CPAP, é possível observar o sucesso terapêutico pela melhora clínica do paciente.
CONCLUSÃO: Conclui-se que a SAHOS é um fator de risco de IC, contribuindo para o surgimento de hipertrofia VE. Assim, o diagnóstico e tratamento da SAHOS devem receber uma maior importância na prática clínica da atenção primária.
Clínica Médica
Carlos Eduardo Teixeira, Letícia Estefânia da Costa, Natália Silveira Camargo, Ana Paula Passaglia, Idelma Aparecida Batista