Apendicite aguda: desafio diagnóstico em apresentação pélvica
A apendicite aguda é uma patologia de alta incidência no mundo, com reconhecimento predominantemente clínico e que necessita de diagnóstico precoce para que sejam evitadas as complicações. As posições anômalas do apêndice dificultam e atrasam a identificação dessa enfermidade.
Relatar caso de paciente diagnosticada com apendicite pélvica.
Paciente feminina, 27 anos, atendida no Hospital das Clínicas Samuel Libânio - MG , com queixa de dor em baixo ventre e irradiação para todo o abdome há 3 dias associada a náuseas, vômitos, parada de eliminação de fezes e acentuação da dor em topografia de hipocôndrio direito no momento da admissão; negava febre e alterações urinárias ou ginecológicas. Ao exame físico apresentava abdome distendido, doloroso à palpação, timpânico e sem sinais de irritação peritoneal. Exames laboratoriais revelaram leucocitose sem desvio à esquerda, ausência de infecção de trato genitourinário e beta-HCG negativo. Foi realizada ultrassonografia de abdome, que evidenciou hepatomegalia.
No segundo dia de internação paciente evoluiu com piora da distensão abdominal, apresentando ao exame físico sinais de irritação peritoneal à palpação de flanco, fossa ilíaca direita e hipogástrio. Diante de tais achados, optou-se pela solicitação de propedêutica imagenológica de abdome/pelve e avaliação ginecológica.
Ao exame de tomografia computadorizada contrastada de abdome o apêndice cecal apresentava-se com dimensões normais e sem sinais inflamatórios. À avaliação da equipe de ginecologia manteve-se a suspeita de doença inflamatória pélvica, reforçada por ultrassonografia transvaginal. Diante de tal suspeita optou-se por iniciar antibioticoterapia para tratamento de DIPA.
A deterioração do quadro clínico da paciente após três dias de internação motivou a realização de laparotomia exploradora, que evidenciou apendicite com apresentação pélvica.
A apendicite aguda continua sendo uma patologia de elevada prevalência. Seu diagnóstico, apesar de clínico, pode apresentar dificuldades, como no caso de apresentações anômalas e de clínica sugestiva de patologias ginecológicas. Sendo assim, a propedêutica complementar imagenológica tem assumido um papel cada vez mais importante nos diagnósticos diferenciais. Em pacientes do sexo feminino, os exames retal e vaginal, embora não sejam indicados de rotina, também tem se mostrado de extrema importância. Apesar disso, a apendicite pélvica pode necessitar da abordagem cirúrgica para seu diagnóstico definitivo.
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Clínica Médica
Universidade do Vale do Sapucaí - Minas Gerais - Brasil
Carolina Lessa Santos, Anillânen Andrade Souza, Jorge Carvalho Mello, Laura Riolfi Callia, Paulo Zanin Mesquita