Impacto da auditoria contínua e estratificação de risco sobre a adequação da taxa de tromboprofilaxia em pacientes clínicos hospitalizados: resultados de um estudo de coorte concorrente unicêntrico
O tromboembolismo venoso (TEV) é considerado a principal causa evitável de morte hospitalar. Estudos multicêntricos mostram que 55% dos pacientes clínicos apresentam risco de TEV e em 40% a profilaxia é usada de forma correta. Estudos nacionais mostram taxas de adequação de 33% a 66%. Estratégias que estimulem a prevenção do TEV e o uso correto dos métodos são importantes.
Avaliar a tromboprofilaxia em pacientes clínicos hospitalizados e a taxa de adequação com a realização de auditorias contínuas de prontuário.
Trata-se de um estudo de coorte, concorrente, unicêntrico, realizado de janeiro de 2016 a janeiro de 2017. Todos os pacientes clínicos foram avaliados quanto ao risco de TEV no momento da internação e estratificados em baixo ou alto risco, de acordo com o Escore de Pádua, em prontuário eletrônico. Os critérios de inclusão foram idade maior de 18 anos e período de internação superior a 24 horas. Foram excluídos pacientes em uso de anticoagulante, contra-indicação ao seu uso ou em cuidados paliativos. Foi definida meta de 80% de taxa de adequação da tromboprofilaxia e através de relatório gerado automaticamente pelo sistema de gestão foi avaliada a taxa de preenchimento da estratificação de risco e de adequação de profilaxia. Os resultados foram analisados trimestralmente com os coordenadores de equipes em reuniões de análise clínica com a diretoria do hospital.
Foram avaliados 5755 pacientes e incluídos 3973 (68%), com preenchimento da estratificação em todos os pacientes. A taxa total de adequação de tromboprofilaxia foi de 3354/3973 (84,4%), com média mensal de 85,4% e mediana de 87%.
O uso da tromboprofilaxia em pacientes hospitalizados é indicado por evidências científicas e princípios sólidos. Diversos métodos para melhorar a adesão são propostos, como o uso de diretrizes, programas de educação continuada, composição de comissão multidisciplinar e o uso de alertas eletrônicos. Dados mostram que as causas mais comuns de falha são a omissão da profilaxia (48%), duração inadequada (23%) e método incorreto (21%), e que programas de educação continuada isolados não melhoram as taxas. Concluímos que o apoio institucional, a constituição de comissão de tromboprofilaxia, o desenvolvimento de protocolos, definição de metas, a auditoria contínua com a automatização da coleta de informações e a apresentação de resultados aos coordenadores de clínica são formas eficazes de adequar as medidas de prevenção do TEV.
Tromboembolismo venoso, prevenção, tromboprofilaxia, clínico, hospitalar
Clínica Médica
Hospital Mater Dei - Minas Gerais - Brasil
Thiago Horta Soares, Jefferson Torres Moreira Penna, Caroline Fernanda Bueno Vieira Pena, Daniela Pagliari, Elisa Caroline Pereira Assad