Leishmaniose visceral ainda deve ser lembrada no diagnóstico diferencial de hepatoesplenomegalia febril?
a Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença sistêmica crônica, transmitida pela picada de flebotomídeos e seu agente etiológico é um protozoário do gênero Leishmania. A doença é endêmica em 47 países do mundo e, nas Américas, o Brasil representa o país de maior prevalência, sendo responsável por cerca de 97% de todos os casos nesse continente. Não há casos autóctones na região Sudeste, porém há grande fluxo migratório proveniente de regiões endêmicas. A presença de animais domésticos, condições sanitárias precárias e baixo nível sócio-econômico em áreas de transmissão estão vinculados a alta densidade de flebotomíneos, no intradomicílio e peridomicílio. A doença deve ser suspeitada quando o paciente apresentar febre, associada a esplenomegalia, mas pode se manifestar ainda com perda de peso, astenia, adinamia, hepatomegalia, anemia. O tratamento deve ser iniciado após diagnóstico por confirmação parasitológica. A droga de escolha inicial, em nosso meio, continua sendo o antimoniato pentavalente N-metil Glucamina, tendo a Anfotericina B como alternativa para casos específicos.
Salientar a importância da Leishmaniose Visceral como diagnóstico diferencial logo na avaliação inicial do paciente com esplenomegalia febril, a fim de melhorar o prognóstico e aumentar a sobrevida dos pacientes.
Trata-se de um relato de caso de J.E.C.D, masculino, 18 anos, natural do Maranhão, residente em Campinas, com quadro de febre e mialgia há 15 dias. Os exames laboratoriais colhidos na chegada do hospital evidenciaram leucopenia e plaquetopenia. Ao exame físico, apresentava-se febril, dispneico, com fígado e baço palpáveis, sem mais alterações. Diante dessse quadro, foi realizado mielograma, que confirmou o diagnóstico de Leishmaniose. Paciente foi tratado e obteve boa evolução.
Relato de caso
A Leishmaniose Visceral é uma doença de alta mortalidade, se não reconhecida e conduzida adequadamente. Juntamente com o
intenso fluxo migratório de pacientes de locais endêmicos para regiões, como o Sudeste, e o elevado custo para saúde pública de casos identificados tardiamente, é justificada a importância da LV como diagnóstico diferencial logo na avaliação inicial
do paciente com esplenomegalia febril. O controle da doença está vinculado ao seu diagnóstico e tratamento precoces, assim como a melhora do prognóstico e aumento de sobrevida.
Clínica Médica
Jéssica Me Lin Ie, Vinícius Nasser de Carvalho, Carolina Fey, Marcia Scolfaro Carvalho