Gastroenterite Eosinofílica: Relato de Caso
Com cerca de 300 casos na literatura, gastroenterite eosinofílica é uma doença inflamatória do trato gastrointestinal (TGI) caracterizada por diarreia, eosinofilia periférica e infiltrado eosinofílico. Diagnóstico é feito após exclusão de outras etiologias e biópsia.
Apesar da esofagite eosinofílica ter sido muito estudada na última década, a GEE é subdiagnosticada, com incidência estimada de 1-30/100.000.
Descrição de caso de GEE, doença rara, subdiagnosticada e com grande impacto na qualidade de vida.
Relato de caso clínico.
Masculino, 63 anos, amarelo, com dor epigástrica progressiva em cólica de forte intensidade há 20 dias, sem irradiação, diarreia líquida pós prandial e perda de 8kg. Antecedente de asma na infância, recorrência de broncoespasmo há 6 anos, ex-tabagista há 8 anos (30 anos.maço), ex-etilista. Admitido normotenso, taquicárdico e com dor à palpação superficial do abdome difusamente, sem outras alterações.
Devido a eosinofilia importante, optado por tratamento de parasitose intestinal (Ivermectina 12mg), com persistência do quadro. Protoparasitológico de fezes, ultrassom abdome e tomografia abdome sem alteração. Endoscopia digestiva alta: esofagite não erosiva e pangastrite enantemática leve. Colonoscopia: erosão íleo terminal, colite erosiva leve inespecífica de sigmóide. Biópsias de lesões: colite crônica moderada atividade e focos de mais de 30 eosinófilos em campo de grande aumento. Biópsia medula óssea: hipercelularidade granulocítica reacional.
Tomografia crânio: sinusopatia maxilar direita e esfenoidal esquerda, ANCA não reagente. Melhora clínica importante e regressão da eosinofilia após prednisona 40mg/dia.
GEE é uma doença inflamatória, pode acometer camada mucosa, muscular ou serosa. A apresentação clínica ocorre de acordo com o grau de acometimento: síndrome de má absorção, distensão abdominal ou ascite eosinofílica. Há associação entre a esofagite eosinofílica e GEE, ambas com epidemiologia e clínica semelhantes, mas não há consenso quanto critérios diagnósticos. Ocorrem em todas faixas etárias, mais comuns entre terceira e quinta décadas de vida, no sexo masculino e quando há antecedente de atopia. A resposta a corticoterapia favorece a hipótese da fisiopatologia, uma reação de hipersensibilidade. É necessário excluir outras causas e confirmar por meio de biópsia.
Paciente com perfil epidemiológico e quadro clínico de GEE, excluídos outros diagnósticos, com antecedente de atopia e resposta terapêutica ao tratamento.
gastroenterite eosinofílica; eosinofilia; diarréia.
Clínica Médica
Pontifícia Universidade Católica de Campinas - São Paulo - Brasil
Caroline Cardo, Luiz Marcelo Almeida de Araujo, Julio César Ronconi, Carla Adriane Roballo, Thiago Luis Ronconi