14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Leptospirose grave - Um relato da síndrome de hemorragia pulmonar

Fundamentação/Introdução

A síndrome de Weil, descrita como icterícia, insuficiência renal e hemorragias, é a manifestação clássica da leptospirose grave e ocorre em 10 a 15% dos casos de leptospirose. No entanto, a síndrome de hemorragia pulmonar, caracterizada por lesão pulmonar aguda e sangramento pulmonar maciço, vem sendo reconhecida como uma forma grave e emergente da doença. A letalidade das formas graves da leptospirose é aproximadamente 10% e chega a 50% quando ocorre a síndrome de hemorragia pulmonar.

Objetivos

Descrever um caso de uma forma grave da leptospirose, a síndrome de hemorragia pulmonar.

Delineamento/Métodos

Paciente masculino morador do Rio de Janeiro de 58 anos deu entrada no Pronto Atendimento com queixa de mialgias, artralgias e febre de 38oC há 1 semana. Teve náusea, vômitos, diarreia e tosse seca no último dia. Negava sangue ou pus nas fezes, coriza, dor torácica, dispneia, alterações de pele ou contato com enchente. História pregressa, uso de medicações ou vícios negativos. Ao exame, estava lúcido e orientado, ictérico +/4+, afebril, pouco taquicárdico, estável hemodinamicamente. Abdome era doloroso a palpação superficial de hipocôndrio direito sem dor à descompressão. Exames revelaram anemia, hiperbilirrubinemia com predomínio de bilirrubina direta, aumento discreto de transaminases, insuficiência renal aguda e ausência de leucocitose ou discrasia sanguínea. Rx de tórax mostrou infiltrado alveolar difuso e bilateral predominando nas regiões para-hilares. TC de abdome exibia fígado proeminente com redução da densidade. Em 4 horas, evoluiu com hipotensão, dessaturação e taquipnéia. Iniciado ventilação não invasiva, reposição de volume e antibioticoterapia empírica. Novo Rx de tórax mostrou evidente piora do infiltrado alveolar bilateral com aspecto em vidro fosco com vários pontos de confluência. Em 6 horas, evoluiu com hipoxemia e necessitou de intubação orotraqueal que aconteceu sem traumatismos, porém foi dificultada pela presença de sangue vivo proveniente da traqueia. Manteve hipoxemia e evoluiu com parada cardiorrespiratória e óbito. Resultado do teste de microaglutinação após o óbito foi reagente para leptospirose.

Resultados

Foto Rx de tórax- admissão e evolução

Conclusões/Considerações finais

Segundo Dolhnikoff et al., de 4 pacientes com a forma grave da leptospirose descritos no Brasil, 3 foram a óbito em menos de 48h após o início dos sintomas respiratórios, o que corresponde a este relato. A síndrome de hemorragia pulmonar tem se tornado a principal causa de óbito por leptospirose neste país.

Palavras Chaves

Leptospirose; síndrome de hemorragia pulmonar; insuficiência respiratória aguda; sangramento pulmonar

Área

Clínica Médica

Autores

Karoline Sieracki Rede, Fernanda Lopes da Rocha, Larissa Garcia Guerino, Bárbara Costa Bracarense