Relato de Caso: Sevoflurano com causa de hemorragia pulmonar após apendicectomia
A Hemorragia Alveolar Difusa (HAD) é uma condição rara e potencialmente fatal. A maioria dos casos deve-se à capilarite associada às vasculites, ou por causa de coagulopatias, toxinas inaladas (anestésicos e cocaína) e infecções. O diagnóstico precoce é crucial, requerendo tão logo medidas de suporte e terapia imunossupressora.
Relatar caso de HAD sem causa clássica aparente em paciente jovem.
Estudo descritivo do tipo relato de caso pautado em avaliação clínica e propedêutica.
Paciente, 25 anos, internado por dor periumbilical progressivamente intensa. Sem relato de febre, hiporexia, vômitos ou alteração do hábito intestinal. Previamente hígido. Negava alergias medicamentosas, etilismo, tabagismo e uso de drogas ou de medicamentos. Ao exame, dor à palpação de hipogástrio e sinal de blumberg negativo. Apresentava leucocitose com desvio à esquerda e US de abdome total compatível com apendicite aguda. Submetido à apendicectomia videolaparoscópica sem intercorrências. Indução anestésica com propofol, sevoflurano, cisatracúrio, morfina, naloxona. Após 20 horas da cirurgia, evoluiu com tosse, hemoptise, febre, dispneia e hipoxemia. Á ausculta, crepitações e roncos difusos bilateralmente. Radiografia de tórax ántero-posterior com infiltrado alveolar padrão árvore em brotamento. Tomografia computadorizada de tórax em alta resolução mostrando áreas de consolidação intercaladas com áreas de atenuação em vidro fosco de distribuição central bilateralmente. Queda da hemoglobina (de 15,4 para 11,7 g/dL), lavado broncoalveolar hemorrágico com eritrofagocitose, raros cocos gram positivos aos pares e em cachos. Ecocardiograma normal. Submetido à ventilação mecânica não invasiva. Iniciados empiricamente piperacilina-tazobactam, azitromicina e prednisona. Cultura do BAL positiva para Pseudomonas aeruginosa multissensível. Biópsia transbrônquica com poucos alvéolos representados, paredes delicadas, espaços aéreos parcialmente colapsados, material amorfo e algumas células descamadas. Paciente evoluiu com boa resposta terapêutica e radiografia de controle após 02 dias já sem alterações. Devido quadro de hemoptise, infiltrado alveolar e anemia suspeitado fortemente de HAD. Soma-se a isso, a melhora clínica rápida após início de corticoterapia, tida como um dos pilares do tratamento
Sempre deve-se pensar em HAD quando presença de infiltrado alveolar inexplicado. Inúmeras são as causas possíveis, porém deve-se buscar ativamente o fator desencadeante para direcionamento o tratamento.
Hemorragia Pulmonar, Sevuflorano, HAD, Hemoptise.
Clínica Médica
Bruna Pereira Bicalho, Talita De Araújo Pereira, Izabela Guimarães Viriera Coelho, Bruna Barbosa Dias