MÉTODO CLÍNICO CENTRADO NA PESSOA: UMA NOVA PERSPECTIVA NO BINÔMIO SAÚDE-DOENÇA
O método clínico centrado na pessoa (MCCP) surgiu da demanda das pessoas por um atendimento mais integral, que contemplasse suas necessidades, preocupações e vivências relacionadas ao processo saúde-doença. Assim, com base nos princípios que o compõem, o MCCP visa a integrar o processo de cuidado à medicina baseada em evidências e melhorar a eficiência do trabalho em equipe.
Caracterizar o entendimento de médicos e de pacientes sobre o MCCP em unidades básicas de saúde (UBS) do município de Santarém.
Foi desenvolvido estudo de natureza qualitativa, prospectiva, transversal e de fundo simultaneamente teórico e empírico, utilizando-se duas entrevistas para a coleta das informações. A primeira dirigida a três médicos e a segunda a catorze pessoas por eles atendidas nas UBS do município de Santarém, em seguida, os depoimentos foram gravados, transcritos e analisados com base no Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).
O DSC dos médicos mostrou um pleno conhecimento dos principais componentes do MCCP, a saber: explorando a doença e a experiência da pessoa com a doença; entendendo a pessoa como um todo, inteira; e elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas. Ocorreram algumas divergências nos discursos de médicos e de pacientes no que se refere à exploração da individualidade de cada pessoa doente e à sistematização da consulta. Entre os aspectos comuns nos discursos, ambos valorizaram a informação cedida pelo paciente e a importância clareza de ideias utilizadas pelo médico como determinadores no processo de adesão ao tratamento. Notou-se também uma dificuldade pelos médicos em explorar o contexto histórico da pessoa, visto que os pacientes desmerecem o segundo componente do MCCP responsável por questionar assuntos que fogem à dimensão fisiológica da doença.
Houve conhecimento satisfatório do MCCP pelos médicos, o qual possibilitou o bom desenvolvimento de um atendimento diferenciado, exceto nos casos em que ocorreu resistência de alguns pacientes em contribuir com a consulta. Então, sugere-se que a falta de conhecimento sobre a técnica de abordagem integrada pelas pessoas culmina como um fator limitante na eficácia de um cuidado diferenciado à saúde. Por isso, há a necessidade das pessoas serem mais participativas durante a consulta, pois apenas a tentativa do médico em estabelecer um vínculo pode não ser o suficiente.
Palavras-chave: Atenção primária à saúde; Medicina de família e comunidade; Saúde pública.
Clínica Médica
Grace kelly dos Santos Guimarães, Alana Ferreira de Andrade, TARCYS MALLONY TEIXEIRA PRINTES, EDILSON SANTOS SILVA FILHO , DAVID SANCHES FIGUEIREDO VIANA