Relação entre a Esteatose Hepática não Alcoólica e as Alterações dos Componentes da Síndrome Metabólica e Resistência à Insulina
A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma condição clínica compreendida pela existência de depósitos de lipídios nos hepatócitos com porcentual >5% do peso total do fígado em indivíduos sem ingestão etílica significativa e na ausência de outras etiologias de doenças hepáticas. Em se tratando da síndrome metabólica pode-se definir como um conjunto de alterações metabólicas e hemodinâmicas presentes no organismo, que incluem hipertensão arterial sistêmica, obesidade abdominal, tolerância à glicose alterada e dislipidemia. Já a resistência à insulina é definida como uma resposta diminuída às ações biológicas da insulina. Merece destaque, dessa forma, a forte associação entre a resistência à insulina e a deposição excessiva de triglicerídeos nos hepatócitos.
Avaliar a prevalência de esteatose hepática não alcoólica em pacientes que realizaram exame de ultrassonografia abdominal de rotina e sua associação com componentes da síndrome metabólica e da resistência à insulina.
É um estudo prospectivo, descritivo, do tipo survey, com abordagem analítica quantitativa. As variáveis numéricas foram expressas como mediana e quartis, e foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, para comparar as variáveis com graus de esteatose. Foi realizada Análise de Covariância com reamostragem por bootstrapping, após correção para sexo, idade e índice de massa corporal. A significância adotada foi de p<0,05, e o programa estatístico utilizado foi o Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 22.0
Foram avaliados 800 indivíduos; destes, 233 (29,1%) foram diagnosticados com esteatose hepática não alcoólica. Nos pacientes com infiltração gordurosa hepática, foram observados valores elevados de circunferência da cintura (95%), de triglicerídeos (46,4%), de glicemia (35,9%) e de Índice do Modelo de Avaliação da Homeostase (HOMA-IR 33,3%). Os níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL) estavam baixos em 61,1%. Circunferência da cintura, glicemia, triglicerídeos, insulina basal e HOMA-IR apresentaram associação estatisticamente significativa com os graus de esteatose hepática (p<0,05). Entretanto, após análise multivariada, foi obtida significância para triglicerídeos, insulina e HOMA-IR (p<0,05).
As desordens associadas à síndrome metabólica estão fortemente relacionadas à presença de esteatose hepática não alcoólica. Dessa forma, a avaliação desses marcadores podem se tornar adequados para pacientes com riscos de evolução para fibrose e cirrose.
Clínica Médica
Universidade Tiradentes - Sergipe - Brasil
Lívia Carvalho Melo, Josilda Ferreira Cruz, Priscilla Mota Coutinho da Silva, Cristiane Costa da Cunha Oliveira, Sônia Oliveira Lima