Título

Intubação orotraqueal acordada com laringoscópio convencional em paciente com tumor supraglótico

Fundamentação/Introdução

O câncer da laringe tem uma incidência e mortalidade aproximada 136.000 novos casos e 73.500 mortes por ano, respectivamente, no mundo representando cerca de 2,7% de todos os casos de câncer e 2,2% dos óbitos por neoplasia mundiais. A insuficiência respiratória aguda é comum em lesões avançadas e requer condutas emergenciais.

Objetivos

Relatamos uma abordagem de via aérea inabitual em um paciente com tumor supraglótico avançado: intubação orotraqueal com o paciente acordado utilizando laringoscópio convencional; discutindo os desafios da abordagem emergencial de pacientes com via aérea difícil em ambientes precários sem tecnologias avançadas de intubação.

Delineamento/Métodos

Descrição do caso: Homem, 63 anos, hipertenso, tabagista e etilista, procura serviço de pronto-atendimento apresentando piora de dispneia crônica, associado à cornagem e fadiga intensa há dois dias. Traz encaminhamento ambulatorial com indicação de traqueostomia por lesão glótica e laudo de nasofibroscopia descrevendo lesão expansiva em banda ventricular esquerda e estreitamento importante da luz supraglótica. Ao exame físico, mostrou-se dispneico, acompanhado de cornagem, fácies pletórica e com emagrecimento importante. Após avaliação, o procedimento de traqueostomia com anestesia local foi descartado pelo cirurgião, optando-se, devido ao caráter emergencial, por intubação orotraqueal com paciente acordado e anestesia geral. Após o sucesso da intubação e indução anestésica, a traqueostomia foi realizada sem intercorrências e o paciente evoluiu com melhora da dispneia, cornagem e do estado geral.

Resultados

Seja na sala de emergência ou no centro cirúrgico, o manejo de vias aéreas difíceis em estado crítico é desafiador. Geralmente, esses pacientes já se encontram hipoxêmicos e com reservas funcionais limitadas. Segundo os últimos guidelines, o instrumental de escolha para a realização de intubação orotraqueal em pacientes acordados é primeiramente o broncoscópio de fibra ótica, e, na falha ou ausência deste, o videolaringoscópico. No entanto, esses equipamentos são escassos nos serviços públicos e, ainda, há déficit de treinamento com os aparelhos citados. Não é do nosso conhecimento, até o presente momento, casos de intubação orotraqueal acordado, com laringoscópio convencional, em pacientes com massas supraglóticas.

Conclusões/Considerações finais

Defendemos, portanto, o uso e o ensino da intubação orotraqueal acordada em pacientes com via aérea difícil utilizando o laringoscópio convencional em casos de caráter emergencial.

Palavras Chaves

Intubação Endotraqueal, Manuseio das Vias Aéreas, Emergências, Neoplasias Laríngeas.