Doença linfoproliferativa (Linfoma de Hodgkin) manifestando como síndrome colestática, em paciente portador de espondilite anquilosante tratada com Adalimumab
Relatar caso atípico de apresentação inicial do Linfoma de Hodgkin, com provável fator causal uso de Adalimumab prolongado.
Avaliar relação entre uso de Adalimumab e Linfoma de Hodgkin, com apresentação inicial atípica, colestase, através de relato de caso.
LFB, 50 anos, branco, masculino, portador de Espondilite Anquilosante em uso de Adalimumab há 3 anos, queixando há aproximadamente 3 meses mialgia generalizada, astenia, hiporexia e adinamia. Após um mês evoluiu com dor em hipocôndrio direito, icterícia, discreta colúria e acolia fecal, sendo prescrito sintomáticos e orientado hidratação oral vigorosa. Sem melhora após dois meses, evoluiu com febre, artralgia e piora da icterícia sendo internado em enfermaria de clínica médica. A admissão apresentava diminuição da diurese, dor em hipocôndrio direito, hiporexia e febre noturna. Eupneico em ar ambiente, estável hemodinamicamente sem aminas vasoativas, afebril. Ictérico 2+/4, desidratado 2+/4, hipocorado 1+/4, palpada linfonodomegalia em região inguinal direita, mole, indolor, sem fistulização, móvel, de aproximadamente 2,5 cm. Abdomen atípico, peristáltico, timpânico, flácido, doloroso a palpação profunda de hipocôndrio direito, com fígado a 2 cm de rebordo costal, bordas lisas, sem nodulações, ausência de massas, traube livre.
Questionada cirrose biliar 1ª devido padrão colestático associado a elevação importante de fosfatase alcalina e transaminases, solicitada biópsia hepática. Após resultado do laudo inconclusivo, revisto diagnóstico e sugerido processo linfoproliferativo, sendo biopsiada linfonodomegalia supracitada com diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, forma clássica.
Envolvimento hepático é relatado em 5% dos casos de linfoma de Hodgkin na apresentação. Estudos em pacientes masculinos jovens em uso bloqueadores de TNF-alfa refletem um aumento na incidência de linfoma na base de 3,6 vezes mais que a população geral. Uma revisão especifica em portadores de artrite reumatoide tratada com Adalimumab evidenciou risco aumentado em dobro para ocorrência de linfomas, similar a revisão cujo alvo foram pacientes portadores de artrite psoriásica e artrite reumatoide em uso de Adalimumab. O relato se torna notável devido apresentação inicial atípica descrita, icterícia por colestase e a possibilidade de atribuir a etiologia ao uso de Adalimumab, corroborando com conclusões na literatura revisada de monitorar populações em uso de bloqueadores do fator de necrose tumoral devido ao risco de linfomas.
Linfoma de Hodgkin, Adalimumab, TNF - alfa, colestase, icterícia.
Clínica Médica
Hospital e Maternidade Municipal Dr Odelmo Leão Carneiro - Minas Gerais - Brasil, Secretaria Municipal de Saúde - Minas Gerais - Brasil, Universidade Federal de Uberlândia - Minas Gerais - Brasil
Thiago Batista Pires, Ariovaldo José Pires, Fernando Ferreira Santos, Leonardo Pinder Fontes