14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

14º Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 4º Congresso Internacional de Medicina de Urgência de Emergência

MINASCENTRO - Belo Horizonte /MG | 04 a 06 de Outubro de 2017

Dados do Trabalho


Título

Esôfago Negro: um relato de caso

Fundamentação/Introdução

Necrose esofágica aguda, comumente designada por esôfago negro ou esofagite necrotizante aguda (ENA), é uma condição clínica rara caracterizada pela coloração enegrecida do esôfago que corresponde à necrose da mucosa. Não há estudos randomizados até o momento.

Objetivos

Relatar caso de paciente com múltiplas comorbidades que apresentou Esôfago Negro.

Delineamento/Métodos

Homem, 55 anos, com antecedentes de Cirrose Hepática e Pancreatite Crônica relacionados a abuso de álcool, trombose de veia porta, Diabetes mellitus (DM), Hipertensão Arterial, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica e Doença Renal Crônica (DRC) não dialítica. Relato de 15 dias com hiporexia, dor epigástrica, aumento do volume abdominal e febre. Admitido com queixa de hematêmese seguida de melena, sendo diagnosticado Cetoacidose Diabética (CAD) associada à peritonite bacteriana espontânea, piora da função renal e Hemorragia Digestiva Alta (HDA). Endoscopia Digestiva Alta demonstrou esôfago com necrose circunferencial da mucosa de terços médio e inferior, adquirindo aspecto enegrecido em vários pontos. Evolução favorável após tratamento com Inibidor de Bomba de Próton (IBP) endovenoso, antibioticoterapia de largo espectro, expansão volêmica com albumina e medidas para controle da CAD. O controle endoscópico evidenciou resolução da necrose e ausência de estenose esofágica após 4 semanas.

Resultados

ENA é uma forma grave de esofagite aguda, com predomínio em esôfago distal. Apresenta etiologia multifatorial resultante da combinação entre hipoperfusão tecidual, comprometimento das barreiras de proteção e influxo maciço de conteúdo gástrico. Os principais fatores de risco incluem: sexo masculino, idade avançada, DM, malignidade de órgãos sólidos e hematológicos, desnutrição, insuficiência renal, comprometimento cardiovascular, trauma e fenômenos tromboembólicos. O diagnóstico é feito pela visualização endoscópica da mucosa negra. A apresentação clínica pode incluir HDA manifesta como hematêmese, dor epigástrica, vômitos, disfagia, febre, náuseas e síncope. A complicação mais grave é a ruptura do esôfago com mediastinite.

Conclusões/Considerações finais

Esôfago negro é uma afecção incomum, caracterizada endoscopicamente por necrose da mucosa deste órgão, geralmente poupando a vertente gástrica da junção esofagogástrica, podendo causar HDA. O tratamento inclui terapia com IBP e sucralfato, além de corrigir as condições clínicas. O prognóstico depende da idade do paciente e das doenças coexistentes, mas taxas elevadas de mortalidade são relatadas.

Palavras Chaves

Necrose esofágica aguda; Esôfago negro; Esofagite necrotizante aguda; Hemorragia Digestiva Alta.

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Federal de Viçosa - Minas Gerais - Brasil

Autores

Kamila Silva Marins Chamon, Alessandro Lisboa da Silva, Isabela de Sousa Russo, Isabela Silva de Sousa, Ludmila Godinho Figueiredo